O Antigo Testamento: Os descendentes de Caim e os gigantes - Parte XI
- Cláudia Pereira
- há 3 dias
- 5 min de leitura
A Beata Ana Catarina Emmerick (em alemão: Anna Katharina Emmerich), nasceu em 8 de setembro de 1774 em Coesfeld e faleceu em 09 de fevereiro de 1824 em Dülmen na Alemanha. Foi uma freira agostiniana, grande mística e estigmatizada, elevada aos altares pelo Papa São João Paulo II a 3 de outubro de 2004.
Os descendentes de Caim e os gigantes
Visões da Beata Catarina Emmerick
Parte XI – Os descendentes de Caim e os gigantes
A configuração da Terra antes do dilúvio era muito diferente do que é agora. Por exemplo, a Terra Santa não estava tão cheia de cavernas, fendas e vales como hoje. As planícies eram muito mais extensas, e as montanhas tinham encostas muito suaves e fáceis de subir. O Monte das Oliveiras, naquela época, era apenas uma suave elevação. A Gruta do Presépio de Belém já existia como uma caverna natural, mas os arredores eram muito diferentes do que são agora.
As pessoas desses tempos primitivos eram maiores, embora não desproporcionadas. Hoje os veríamos com admiração, sem medo ou desgosto, porque eram mais perfeitos na sua constituição corporal do que as pessoas de um período posterior. Entre as velhas estátuas de mármore que vejo em muitas em cavernas subterrâneas, podem ser encontradas figuras semelhantes.
Caim levou os seus filhos e netos para a região que lhe foi indicada, e aí se separaram. Do próprio Caim, nunca vi mais nada que fosse pecaminoso. O seu castigo parecia consistir em trabalho árduo, mas infrutífero. Nada daquilo em que ele se empenhava pessoalmente era bem-sucedido. Vi que ele era escarnecido e insultado pelos seus filhos e netos, maltratado em todos os sentidos. No entanto, ele era obedecido como chefe e líder, mas como alguém amaldiçoado por Deus. Soube que Caim não está condenado; apenas foi severamente castigado (1).
Um dos descendentes de Caim foi Tubalcaín, dele procedem várias indústrias e também os gigantes.
Tenho visto com frequência que, quando os anjos caíram, um certo número deles teve um momento de arrependimento (2) ou dúvida e, em consequência, não caíram tão baixo quanto os outros. Mais tarde, esses espíritos decaídos, fixaram a sua morada numa montanha alta, desolada e totalmente inacessível. Esse local, na época do Dilúvio universal, foi destruído e tornou-se um mar, o Mar Morto, eu acho. Esses anjos tinham a faculdade de agir sobre os homens, exercendo a sua influência maléfica, na medida em que estes se afastavam de Deus. Depois do dilúvio, desapareceram desse lugar e foram dispersos pelo ar. Apenas no juízo final serão lançados no inferno.
Vi os descendentes de Caim tornarem-se cada vez mais ímpios e sensuais. Instalaram-se cada vez mais no cume da montanha onde estavam os espíritos caídos. Esses espíritos apoderaram-se de muitas das mulheres, dominaram-nas completamente e ensinaram-lhes todo o tipo de artes sedutoras. Os seus filhos eram muito grandes. Possuíam uma rapidez, uma aptidão para tudo, e entregavam-se inteiramente aos espíritos malignos como seus instrumentos. E assim, surgiu nessa montanha, e se espalhou por toda parte, uma raça perversa que, por meio da violência e da sedução, procurou envolver também a descendência de Seth nos seus próprios caminhos corruptos.
Então, Deus declarou a Noé a Sua intenção de enviar o Dilúvio. Durante a construção da arca, Noé teve de sofrer terrivelmente com aquele povo.
Vi muitas coisas relacionadas com a raça dos gigantes. Podiam transportar com facilidade pedras enormes para o alto da montanha, podiam realizar os feitos mais estupendos. Podiam subir a direito árvores e muros, tal como já vi outros possuídos pelo demónio fazerem. Podiam realizar as coisas mais maravilhosas, podiam fazer tudo o que quisessem, mas tudo era puro malabarismo e ilusão devido à ação do demónio. É por essa razão, que tenho tanto horror a todo o tipo de jogos de magia, malabarismo, ilusionismo e adivinhação.

Estes povos, podiam fazer toda a espécie de imagens de pedra e de metal, mas do conhecimento de Deus não tinham mais nenhum vestígio. Procuravam os seus deuses nas criaturas que os rodeavam. Vi-os arrancarem uma pedra, fazerem dela uma imagem extravagante e depois adorarem-na. Adoravam também um animal medonho e toda a espécie de coisas ignóbeis. Sabiam todas as coisas, viam todas as coisas, eram peritos na preparação de venenos, praticavam feitiçaria e se entregavam a toda espécie de maldades e pecados.
As mulheres inventaram a música. Vi-as a percorrer as melhores raças, tentando seduzi-las para as suas próprias abominações. Não tinham casas, nem cidades, mas erguiam enormes torres redondas, muito grossas, de pedra reluzente, cujas bases sustentavam pequenas moradias, que levavam a extensas cavernas, onde se entregavam ás suas horríveis maldades, desordens e pecados.
Dos telhados destas estruturas, podia-se ver a região circundante e, subindo às torres, olhando através de certos tubos, podia-se ver ao longe. Mas não era como olhar através de telescópios feitos para ver objetos distantes. O poder dos tubos a que me refiro aqui, era efetuado por ação satânica. Os que olhavam através deles, podiam ver onde as outras tribos estavam instaladas. Então, marcharam contra elas, venceram-nas e introduziram os seus costumes de libertinagem: em todas as partes introduziram esse espírito de ilegalidade e falsa liberdade. Vi-os sacrificar crianças, enterrando-as vivas na terra. Deus afundou profundamente essa montanha, na altura do Dilúvio universal.
Enoque, o antepassado de Noé, opôs-se a essa raça perversa, pregando com os seus ensinamentos. Ele escreveu muito. Enoque era um homem muito bom e muito agradecido a Deus. Em muitos lugares, com campos abertos, ergueu altares de pedra e, onde o solo produzia frutos, oferecia sacrifícios a Deus e agradecia os benefícios recebidos.
Foi sobretudo na sua família, que a religião foi preservada e transmitida a Noé. Enoque foi levado para o Paraíso. Lá, ele espera no portão de entrada, de onde voltará com outro (Elias), antes do juízo final.
Os filhos de Cam e seus descendentes, também tiveram relações semelhantes com os espíritos malignos após o Dilúvio. Por isso havia entre eles, tantos possuídos, entregues à magia, necromantes, poderosos segundo o mundo, tantos homens grandes, selvagens e desenfreados.
A própria Semíramis, provinha da união desses influenciados por espíritos malignos, e por isso, era hábil em tudo, exceto na realização da sua salvação.
Mais tarde, desses gigantes, surgiram também homens poderosos, estimados como deuses pelos povos pagãos. As mulheres que primeiro se deixaram dominar por espíritos malignos tinham plena consciência desse facto, embora outras o ignorassem. Essas mulheres, tinham isso já entranhado em si como carne e sangue, como o pecado original.
(1) Assim como Santa Brígida considera Salomão como salvo, (no processo de beatificação da Venerável Irmã Juana de la Cruz de Revoredo, lê-se que, por suas orações, Deus libertou Salomão do Purgatório) e Teresa Newman vê Pilatos batizado, convertido, morto por ordem do Imperador e salvo. A Beata Anna Catarina considera Caim como salvo, após o seu castigo neste mundo.
(2) Sobre os anjos menos culpáveis, parece haver concordância com Santa Francisca Romana, cujas revelações sobre o inferno dizem: "Os demónios que estão no ar e entre nós são aqueles que, no tempo da rebelião de Lúcifer, não se opuseram aos planos do rebelde e pensaram permanecer indiferentes entre Deus e Lúcifer."
Leia o próximo capítulo das Revelações à Beata Ana Catarina Emmerick
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
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