Beata Ana Catarina Emmerick - 9 de Fevereiro
- Cláudia Pereira
- 7 de abr.
- 5 min de leitura
Atualizado: há 3 dias
A Beata Ana Catarina Emmerick (em alemão: Anna Katharina Emmerich), nasceu em 8 de setembro de 1774 em Coesfeld e faleceu em 09 de fevereiro de 1824 em Dülmen na Alemanha. Foi uma freira agostiniana, grande mística e estigmatizada, elevada aos altares pelo Papa São João Paulo II a 3 de outubro de 2004.

Ana Catarina Emmerick é notável pelas suas visões sobre a vida e a paixão de Jesus Cristo, tendo os seus relatos inspirado, o filme de Mel Gibson: Paixão de Cristo (2004), e pela forma como se uniu a Cristo nos seus sofrimentos.
Desde a sua infância, Ana Catarina via Jesus, Maria, anjos e santos e possuía também dons proféticos. Nos seus relatos, recordando-se da sua infância, descreve que as visões eram tão comuns para ela, que acreditava que todas crianças tinham também as mesmas experiências. Alguns teólogos acreditam que, durante a sua vida, Ana Emmerick recebeu mais visões divinas do que qualquer outro santo.
Aos 24 anos, em 1798, Ana teve uma visão na qual vislumbrava Jesus Cristo com uma coroa de espinhos e outra de rosas em cada mão, pedindo-lhe que escolhesse. Ana decidiu-se pela coroa de espinhos e o próprio Jesus a enterrou na sua cabeça. Desde então, passou a receber estigmas, que ocultava de todos usando lenços envoltos na testa. São João Paulo II diz que Ana Catarina, não só relatou a paixão de Cristo, como também a viveu no seu próprio corpo.
Os primeiros relatos da freira, datados entre 1819 até à sua morte em 1824, foram publicados por Clemens Brentano (1778-1842). Em 1833, Brentano publicou a primeira edição de "A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo de acordo com as Meditações de Ana Catarina Emmerick". Preparou ainda um segundo livro: "A Vida da Abençoada Virgem Maria nas Visões de Ana Catarina Emmerick", que foi postumamente publicado, em 1852, em Munique.
O padre Karl Schmöger CSsR (1819- 1883), editou os restantes manuscritos de Brentano e publicou os três volumes de "A Vida de Nosso Senhor" entre os anos de 1858 e 1880 e nos anos seguintes, publicou uma biografia de Ana Emmerick. Para melhor conhecimento da vida e obra da beata recomendamos, a obra "A Vida e as Revelações de Ana Catarina Emmerick" de Schmöger (C.SS.R.) em 2 volumes, que acrescentam visões e esclarecimentos sobre como se deram estas revelações e de como a beata foi submetida a cansativas investigações dos seus dons.
Ana Catarina, recebia muitas luzes sobre a importância de transmitir ao mundo a pureza material e espiritual.
“Deus, dá visões para provar que Ele está com Sua Igreja até a consumação dos séculos. Mas as visões não salvam ninguém. Caridade, paciência e outras virtudes asseguram a salvação! Ele me mostrou toda uma fileira de santos que tiveram visões de diferentes tipos, mas que alcançaram a bem-aventurança apenas pelo bom uso que fizeram delas."
(Carl Schmöger - Vida e Revelações de A,C. Emmerich)
Há poucos místicos, como Ana Catarina Emmerick, que tenham sido agraciados com visões e revelações desde a criação dos anjos até as perseguições da igreja futura. Nas suas visões, acompanhou de perto a vida dos santos tanto do Antigo Testamento, quanto de Jesus, Maria, os Apóstolos e discípulos no Novo Testamento, como também os santos que os sucederam e que nos legaram a Revelação, revelando uma tão íntima conexão que não se pode perder. É praticamente impossível ler os relatos da Beata Ana Catarina Emmerick, e não nos deixarmos tocar pela aspiração ardente pela salvação, manifestada pelos primeiros pais no Antigo Testamento, que se realizou em Jesus, e nos é continuamente legada pelos apóstolos e santos ao longo da história, e que este legado é perpetuado pela igreja militante, reparado pela igreja padecente e vivificado pela igreja triunfante.
Numa ocasião, quando nas suas visões acompanhava Jesus num dos seus discursos, ficou espantada sobre como não chegaram até nós, tantos ensinamentos proferidos pelo mestre que teriam contribuído muito para elucidar os problemas morais e doutrinais com que os homens, em todos os tempos, se preocuparam, se atormentaram e se dividiram. Mas Jesus lhe respondeu:
«Eu dou força ao amor e cultivo a vinha onde possa dar fruto. Se tudo isso fosse escrito, se perderia como tantas outras coisas que se escrevem, ou se entenderia mal, ou se negaria ou perseguiria o escrito. Isto e muitas outras coisas que não foram escritas darão fruto como se estivessem escrito. Não é a lei escrita o que mais deve ser seguido. Na Fé, na Esperança e na Caridade está tudo encerrado e escrito.»
Com isto, podemos entender que temos nas Sagradas Escrituras tudo o que é essencial para a salvação, enquanto que a Sagrada Tradição vivifica e orienta como a Revelação deve ser recebida e compreendida. Ana Catarina Emmerick, dizia que Jesus quer nos deixar a sua força e seu poder, e quer fundar connosco uma sociedade que durará até o fim dos tempos, em uma união, como membros de um mesmo corpo.
Naqueles dias, Jesus anunciou a verdade tantas e tantas vezes, repetiu tanto os mesmos ensinamentos em inúmeros lugares em suas pregações, que mesmo que em toda parte encontrasse resistência e descrédito, a verdade continuou ecoando através do ensinamento dos discípulos, de forma que sua presença física foi deixando de ser central.
Os Apóstolos, os discípulos, os mártires e os santos, sofrendo por Jesus e no Seu Corpo (a Igreja), foram-se tornando canais vivos da graça que flui da Sua Paixão. A Igreja, recebe o Espírito Santo nos seus membros puros e bem preparados, na proporção do desejo de cada um. Quem quiser, com amor e zelo, reparar o que quer que seja, como obstáculo à recepção geral do Espírito Santo, suportará os sofrimentos por Jesus e, unindo-os aos Seus méritos, os oferecerá para esta intenção. Todos podem atrair sobre si as efusões do Espírito Santo, desde que o seu amor e a sua oferta, participem do sacrifício de Jesus. (Emmerich apud Carl Schmöger)
Dizia ainda que “cada um dos sofrimentos pacientemente suportados em nome de Jesus, em união com a sua Paixão, torna-se um sacrifício pelos pecados e negligências” e que os “sacrifícios que Deus quer são os sacrifícios das próprias paixões”, sendo que “oferecemos a Deus o que fazemos, de facto, pelo próximo”. Portanto, é urgente fazermos uma “poda da videira”, para que o que é santo em nós possa crescer, florescer e produzir frutos.
Quão bela e preciosa é uma alma, pela qual Deus enviou do Céu Seu Filho, para que com as dores e morte de Seu corpo pudessem ser salvas. Mas quem se contenta em cuidar somente do próprio corpo, descuida da alma: a falta de moderação, é como uma planta parasita que sufoca e vicia.
Numa das suas visões Ana Catarina Emmerick questionou: “Por que devo, miserável pecadora, ver tudo isso?! A maior parte eu não consigo entender, muito menos relatar”! Então seu anjo da guarda respondeu:
“Repete o que puderes! Tu não sabes quantas almas um dia a lerão e serão consoladas, reanimadas e encorajadas por ela. As coisas antigas são desagradáveis para as pessoas desta época, ou muitas vezes são maliciosamente deturpadas. O que tu relatares, será publicado de uma maneira melhor e produzirá bênçãos muito maiores do que possas imaginar.”
Por isso, deixemo-nos nos envolver pelos relatos da Beata Ana Catarina Emmerick, e encontremo-nos com Jesus nos nossos sofrimentos do dia-a-dia.
Leia o primeiro capítulo das Revelações à Beata Ana Catarina Emmerick
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
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