Porque temos família?
- Cláudia Pereira
- 4 de mai.
- 4 min de leitura
A finalidade da família, está profundamente ligada à finalidade do ser humano, que é: ser feliz na glória do Céu.

A finalidade da família, está profundamente ligada à finalidade do ser humano, que é: ser feliz na glória do Céu. O problema, é que a sociedade “moderna”, coloca o ser humano no mesmo patamar que os animais, como se fôssemos um deles. Se considerarmos o ser humano como mais uma espécie animal, a necessidade de termos uma família deixa de fazer sentido, porque, afinal de contas, os animais não formam famílias; eles copulam instintivamente, com o propósito de continuar a espécie.
Os animais têm crias. Os seres humanos, têm filhos.
Os animais desempenham papeis temporários, que, de acordo com a sua função biológica, visam dar continuidade á sobrevivência da sua espécie, mas não é bem isso que vemos nos seres humanos. Eu nunca vi um casal dizer que decidiu ter filhos, porque se sente na obrigação de dar continuidade à espécie humana.
No Livro do Génesis, podemos ler:
«Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele o criou, homem e mulher. Deus abençoou-os, dizendo: «Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra.» (Gn 1, 27-28a)
Deus não pediu que nos multiplicássemos, pelo medo de que a espécie humana terminasse, mas para que cada filho, gerado pelo amor e graça de Deus, ocupasse o seu legitimo lugar de filho de Deus no paraíso Terreno. Deus podia ter gerado todos os seres humanos ao mesmo tempo, tal como gerou Adão e Eva, mas em vez disso, quis que nós, seres humanos, fôssemos participantes ativos na geração desses mesmo filhos. Quis que gerássemos filhos para Ele e com Ele, como família. Por isso, para o ser humano, ter filhos não é uma simples produção em série de crias, mas a concretização e realização de um sonho do coração de Deus.
Os animais, são progenitores. Os seres humanos, são pais.
As relações que os animais estabelecem entre si, regem-se por ritmos e inclinações naturais ordenados pela mera satisfação de necessidades biológicas (comer, beber, reproduzir-se, etc.).
Os animais dão de comer às crias, com o objetivo de manter a sobrevivência da sua espécie, mas quando essa cria atinge a idade adulta, agem como se não a conhecessem, podendo até matá-la, caso essa cria represente algum perigo, ou até mesmo acasalar com ela. Os seres humanos, não deixam de ser pais assim que os filhos atingem a idade adulta, muito pelo contrário, mantem-se o vínculo familiar com os seus filhos durante toda a sua vida, e até ajudam na criação e educação dos netos. Assim como os filhos, não abandonam os pais, assim que atingem a idade adulta, e em vez disso, cuidam dos pais e amparam-nos na sua velhice.
Não somos animais. Somos humanos.
A sociedade “moderna”, que graças a Charles Darwin, reduziu o ser o humano a uma mera espécie animal, conota a família como uma instituição opressora e uma construção social de tradicionalismo burguês. Por isso, fomenta a ideia de que o ser humano só será feliz, se se comportar como um animal, buscando os seus próprios prazeres e a sua gratificação sexual. E tudo o que contrarie esta tendência redutora do ser humano, é visto como castrador e medieval.
Os animais não amam, porque não têm alma.
O ser humano, é dotado e animado por uma alma espiritual. Parece um pormenor subjetivo, mas que na prática se revela profundamente diferenciador. Essa alma, entre outras coisas, faz com que o ser humano tenha muito mais do que os básicos e primitivos desejos e carências orgânicas; faz com que haja nele, um anseio profundo, que nenhum prazer físico pode substituir: amar e ser amado.
Essa necessidade intrínseca de amar e ser amado, é uma característica conferida pela alma, e como a alma é de uma natureza espiritual, só pode ser nutrida espiritualmente, para se sentir plenamente satisfeita.
O que é que isto, significa na prática? Significa que, apesar de nos tentarmos satisfazer com comida, sexo, estabilidade financeira, realização profissional e pessoal, nada disto parece ser o suficiente para ser capaz de aplacar, aquela ansiedade e profunda insatisfação que continuamos a sentir, ainda que já tenhamos conquistado tudo o que desejamos.
Há sempre dúvidas e inquietações que nos assaltam. Anseios e ansiedades transversais a todos os povos e a todas as épocas da história da humanidade: “Será que sou feliz?” “Porque é que não sou feliz?” “O que é que me falta?” “Porque é que eu existo?” “O que acontecerá quando eu morrer?”
Porquê tudo isto? Porque a alma não está satisfeita. As necessidades da alma não foram ainda supridas.
A família nasce do amor
Mas, como suprir as necessidades da alma sozinho? Como caminhar pela vida, procurando a resposta para os nossos propósitos, sem alguém com quem os partilhar? Seria possível sobreviver solitariamente a todas estas inquietações? Talvez, mas seria absolutamente esmagador. Felizmente, não temos de o fazer, porque Deus criou a família.
Se a capacidade de amar é uma característica da alma, quando nós dizemos que um homem e uma mulher se amam, significa que há uma união entre as duas almas. Uma união espiritual, mas ainda assim uma união. E é dessa união espiritual entre as suas almas, que nasce uma aliança de amor. É dessa aliança de amor, entre a alma do homem e da mulher, que nasce o matrimónio. É do matrimónio, que nasce a família.
É na família, que um pai e uma mãe nos transmitem os valores da fé e do amor, que nos protegem e nos dão as ferramentas necessárias para traçarmos o nosso caminho terreno, em direção àquela outra vida que nos espera na eternidade.
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