21.º Dia - O Sagrado Coração de Jesus aberto para todos.
- Cláudia Pereira
- há 6 dias
- 11 min de leitura

As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.
Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de Junho – Mês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.
Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.
21.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus
Golgotha
Vamos ao Calvário: aí encontraremos o Coração de Jesus aberto para todos.
Quando os soldados foram quebrar as pernas aos dois ladrões, vendo que Jesus já estava morto, não lhe aplicaram o mesmo tormento. Mas um deles abriu-lhe o lado com a lança, e no mesmo instante correu sangue e água. (Jo 19, 34)
Conforme São Cipriano, a lança foi diretamente ferir o Sagrado Coração de Jesus Cristo de tal modo que foi dividido em duas partes, segundo a revelação feita á Santa Brígida. Crê-se, por conseguinte, que a água saiu do lado de Nosso Senhor com o sangue, visto que a lança, para atingir o Coração, teve de ferir primeiro o pericárdio, isto é, a membrana que o cerca.
Santo Agostinho nota, que o evangelista se serviu da palavra abrir: Aperuit, porque então se abriu no Coração do Salvador a porta da vida, por onde saíram os sacramentos, sem os quais não se pode chegar á vida eterna. Diz-se que o sangue e a água que correram do lado de Jesus Cristo, foram a figura dos sacramentos, porque a água é o símbolo do batismo, que é o primeiro dos sacramentos, e o sangue do divino Salvador é contido na Eucaristia, que é o maior dos sacramentos.
São Bernardo acrescenta, que Jesus Cristo quis receber a lançada que lhe fez uma chaga visível para nos dar a entender que o seu Coração trazia uma chaga invisível de amor para com os homens. Quem então, - conclui este grande santo - não amaria este Coração ferido de amor?
Ó meu Redentor, de tal maneira tendes amado os homens, que não é possível que deixe de amar-Vos quem pensa nisto, porque o vosso amor faz violência aos nossos corações, como diz o Apostolo (2 Cor 5, 14). Este amor do Coração de Jesus aos homens vem do amor que Ele tem a seu Pai; por isso é que Ele dizia depois da Ceia:
«…mas é para que o mundo saiba que amo o Pai e faço como o Pai Me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui!» - Jo 14, 31
E aonde queria ir? Morrer pelos homens sobre a cruz. Nenhuma inteligência pode compreender o ardor deste fogo divino no Coração de Jesus Cristo.
Se, em vez de uma só morte, lhe fosse necessário padecer mil, Jesus tinha amor bastante para sofrê-las. Se lhe fosse preciso sofrer para salvação de um só homem o que Ele sofreu por todos, nosso Salvador não se teria negado a uma só de suas imensas dores. Se enfim, em lugar de ficar três horas na cruz, lhe fosse necessário ficar até ao dia do juízo, Jesus ainda padeceria amorosamente este longo suplício. De forma que, o Coração de Jesus amou muito mais do que padeceu.
Ó Coração de Jesus, a vossa ternura é muito maior do que todos os sinais que me tendes dado dela. Estes sinais são grandes porque, tantas chagas, tantas feridas, anunciam um ardente amor; entretanto só descobrem uma fraca parte da realidade; nós temos visto sair apenas uma centelha deste imenso fogo de amor.
A maior prova de amor é dar a via a pelos amigos; isto não bastou a Jesus para exprimir toda a ternura do seu Coração: Ele foi morto pelos seus mais cruéis inimigos. Este prodígio de amor assombra as almas santas, e arrebata-as fora de si mesmas; faz nascer nelas os abrasados afetos, o desejo do martírio, a alegria nos padecimentos; Ele é que as faz triunfar nas grelhas ardentes, caminhar sobre os carvões acesos como sobre rosas, suspirar pelos tormentos, amar o que o mundo teme, abraçar com alegria o que ao mundo aborrece.
Pelo que diz Santo Ambrósio, uma alma unida a Jesus na cruz, não encontra nada mais glorioso, que trazer sobre si as insígnias de seu Esposo crucificado. Como, ó terno Coração de meu Salvador, como poderei pagar-vos este amor incomparável que me haveis testemunhado? Justo é, que o sangue compense o sangue. Ah! Se me visse eu coberto deste sangue divino e cravado nesta cruz que abraço! Ó Cruz santa, recebe-me com Aquele que em ti está cravado para minha salvação.
Ó coroa, alarga-te, para que eu possa unir minha cabeça á do meu terno Senhor. Ó cravos crudelíssimos, sai das mãos inocentes do meu Deus, vinde penetrar meu coração de compaixão e amor.
São Paulo afirma-nos, ó meu Jesus, que vós morrestes para reinar sobre os vivos e sobre os mortos, não pelos castigos, mas pela doçura do vosso amor. Ó conquistador dos corações, a força de vosso amor soube quebrar a dureza dos nossos. Vós abrasastes o mundo inteiro com vosso amor.
Ó Jesus, vossa Cruz é um arco armado para ferir os corações. Saiba o mundo todo que eu tenho o coração ferido… Ó Coração amantíssimo, que fizestes? Viestes para me curar, e me feristes!... Viestes para me ensinar a bem viver, e me tornastes como insensato!... Ó loucura cheia de sabedoria, não viva eu jamais sem vós! Senhor, tudo o que o meu olhar descobre na Cruz, convida-me a amar-vos; os cravos, os espinhos, o sangue, as chagas, principalmente o vosso Coração trespassado, tudo me convida a amar-vos e a não vos esquecer jamais.
Para fazer na prática
Por amor do Sagrado Coração, perdoo desde já, a todos os meus inimigos. Minha reconciliação com eles, far-se-á quanto antes possível; procurarei até esquecer as ofensas que eles me fizeram.
«Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados.» - Lc 6, 37
Afetos e Súplicas
Eu meu compadeço, ó Mãe aflitíssima, da dor pungente que sentistes, quando vistes traspassar o doce Coração de vosso Filho já morto, e morto por esses ingratos que, depois de lhe terem tirado a vida, procuravam ainda atormenta-l’O. Por este cruel tormento, cuja pena sentistes, ó Mãe das dores, eu vos suplico me obtenhais a graça de habitar no Coração de Jesus ferido e aberto para mim, nesse Coração, que é o belo asilo, o retiro de amor, onde vão repousar todas as almas que têm verdadeiro amor a Deus, e onde só Deus, em quanto eu aí ficar, será o objeto dos meus pensamentos e afetos.
Virgem Santíssima, vós podeis alcançar-me esta felicidade, de vós a espero.
Oração Jaculatória
Ó Coração aberto para ser o refúgio das almas, recebei-me.
Exemplo

Santo Atanásio referiu a seguinte história aos Padres do Concilio de Nicéia.
Um cristão de Berito, devendo mudar de habitação, esqueceu-se de levar consigo, por descuido, uma bela imagem de Nosso Senhor em tamanho natural. A Providência quis que, depois da sua partida, um judeu fosse habitar na mesma casa, sem dar atenção à imagem que aí ficara.
Tendo outro judeu visto a imagem, correu a avisar os rabinos do facto que presenciara. Estes, indignados, foram à casa indicada, e, vendo a imagem de que lhes tinham falado, exclamaram referindo-se a Cristo: «Como outrora ele serviu de joguete a nossos pais, a nós também sirva agora.» E começaram a escarrar-lhe no rosto, a lhe dar bofetadas, a ferir a santa imagem, dizendo: «Tudo o que nossos pais fizeram ao Nazareno, façamos à sua imagem.» E então, meteram cravos nas mãos e pés do Salvador.
Continuando na sua impiedade, disseram: «Consta-nos que lhe darão a beber fel e vinagre; façamos nós também a mesma coisa.» Depois disseram: «Sabemos que nossos pais feriram a sua cabeça com uma cana, firamo-la da mesma forma.» E tomando uma cana, feriram a cabeça do Salvador.
Acrescentaram por fim; «Afirmam que nossos pais traspassaram o seu lado e o seu Coração com uma lança. Façamo-lo também, e juntemos este ultraje aos outros.» E um deles feriu com uma lança o lado do Senhor. Mas, ó prodígio! Eis que grande quantidade de sangue e água correu por esta abertura...
Vendo isto, disseram entre si: «Aqueles que adoram o Crucificado falam muitas vezes de curas por Ele operadas. Tomemos deste sangue e desta água, levemos á sinagoga, reunamos todos os doentes, unjamo-los, e veremos se é verdade o que dizem.» Eles aproximaram então um vaso do lado aberto pela lança, encheram-no do sangue e água que corriam dele, e levaram-no proferindo blasfémias.
E tendo reunido todos os enfermos, ungiram primeiramente, em presença de todos os outros, um paralítico de nascimento, e de repente, este se ergue e salta diante dos assistentes: estava perfeitamente curado.
Esta notícia espalhou-se por toda a cidade, e os habitantes acorreram para o lugar levando todo o tipo de enfermos: paralíticos, coxos, cegos, leprosos, e á medida que os enfermos eram ungidos, recuperavam a saúde. Ao verem isto, todos os Judeus exclamaram: «Gloria ao Cristo, que nossos pais crucificaram, e nós crucificámos na sua imagem! Gloria ao Filho de Deus, autor de tão grandes milagres! Nele cremos.»
Eles então, pediram o batismo, e o bispo aquiescendo ao seu desejo, passou muitos dias a batizá-los.
Santo Atanásio, com esta narração, comoveu todos os Padres do Concilio e fez correr as lagrimas. Desta forma é que ele mostrou que se deve honrar as santas imagens, e que elas eram a fonte das maiores graças.
Imitemos o nosso divino Mestre, cujo coração foi tão benfazejo para com os seus mais cruéis inimigos, e demos, como Ele, o bem pelo mal.
Ladainha do Sagrado Coração de Jesus
Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.
Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, trespassado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós , tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do Vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tem tributado; e, deixando-Vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de Vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.
Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.
Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.
Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!
Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vosso escravo.
Amém.
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
Referência:
“O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.




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