19.º Dia - O Sagrado Coração de Jesus abandonado por todos.
- Cláudia Pereira
- 19 de jun.
- 9 min de leitura
Atualizado: há 3 dias

As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.
Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de Junho – Mês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.
Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.
19.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus
Golgotha
Vamos ao Calvário: aí encontraremos o Coração de Jesus abandonado por todos.
São Lourenço Justiniano, diz que a morte de Jesus Cristo foi a mais amarga e dolorosa que era possível; porque Nosso Senhor morreu na Cruz, sem receber o menor alívio.
Nos outros pacientes, a pena é sempre mitigada, ao menos por algum pensamento consolador; mas no Coração de Jesus moribundo, não vejo senão dor pura, tristeza pura, sem alívio algum. O que principalmente angustia este Coração tão amante, é o abandono em que se encontra; d'isto se queixa Jesus pela boca do salmista:
«O insulto despedaçou-me o coração e eu desfaleço. Esperei por compaixão e não apareceu, nem encontrei quem me consolasse.» - Salmo 69(68), 21
Que digo? Mesmo no momento em que ele ia expirar, os Judeus e os Romanos lançavam contra ele maldições e blasfémias. É verdade que Maria se conservava ao pé da cruz, a fim de lhe procurar algum alívio. se podasse; mas esta terna Mãe, por sua aflição, contribuía mais para aumentar a pena de Seu Filho, do que para diminui-la.
São Bernardo diz que as dores de Maria, não fizeram mais senão afligir o Coração de Jesus. Por quanto, Nosso Salvador, vendo Maria entregue a tão profunda dor, sentia ainda mais vivamente a pena de Sua Mãe que Seus próprios padecimentos; de forme que se pode dizer que Jesus, sofreu mais no Seu Coração do que no Seu corpo.
Ah! Quem poderia dizer toda a amargura que encheu os Corações tão ternos de Jesus e Maria, principalmente no momento em que o Filho, antes de expirar, se despediu de Sua Mãe! Eis aqui as últimas palavras que Jesus dirigiu n'este mundo a Maria: «Mulher, eis o teu filho». Por esta palavra Filho, Ele designava São João, e nele todos os fiéis.
Jesus, não achando ninguém na terra que o consolasse, elevou Seus olhos e Seu Coração para Seu Pai, a fim de lhe pedir consolação; mas o Padre eterno, vendo Seu divino Filho sob a forma de pecador, disse-lhe: «Não, meu Filho, não te posso te consolar, porque satisfazes agora a minha justiça por todos os pecados dos homens; justo é que eu te abandone a todos os padecimentos, e te deixe morrer sem alívio.»
Foi então que Nosso Salvador proferiu estas palavras:
«Eli, Eli, lemá sabactáni?», que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?». – Mt 27, 40
Ó cruel abandono para o Coração de Jesus! Paremos aqui um instante, para sondarmos a terrível desgraça de uma alma eternamente abandonada de Deus no inferno, no meio de tantos réprobos. Lá, ela se vê afundada num abismo de fogo, vítima de agonia perpetua, porque esse fogo vingador lhe faz experimentar todo género de dores. Lá, ela está sob as mãos dos demónios, que, cheios de insaciável furor, só buscam atormentai-a. Lá, mais que pelo fogo e todos os outros tormentos, ela é afligida pelos remorsos da sua consciência, pela lembrança dos pecados cometidos, funesta causa de sua condenação. Lá, ela se vê para sempre privada de todo meio de sair desse horroroso abismo. Lá, ela se vê banida para sempre da sociedade dos santos e da pátria celeste, para a qual tinha sido criada. Mas, o que mais a aflige, o que constitui seu verdadeiro inferno, é ver-se abandonada por Deus, reduzida a não poder mais amai-l’O e não poder mais pensar nele senão com ódio e raiva de desespero.
Tal é a desgraça de que o Coração de Jesus nos quis preservar, aceitando tão cruel abandono na cruz.
Para fazer na prática
Não deixarei passar dia algum sem recomendar os agonizantes ao Coração agonizante
de Jesus.
Misericordiosíssimo Jesus, que ardeis em tão abrasado amor das almas, eu Vos peço, pela agonia do Vosso Santíssimo Coração e pelas dores da Vossa Mãe Imaculada, purificai no Vosso sangue todos os pecadores da terra que estão agora em agonia, e hoje mesmo devem morrer. Assim seja.
«Coração agonizante de Jesus, tende misericórdia dos moribundos.» (100 dias de cada vez. 2 de Fevereiro de 1850)
Afetos e Súplicas
Coração de meu amadíssimo Jesus, é sem razão que Vos queixais quando dizeis: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?» Perguntais porquê, mas porque Vos encarregastes de pagar por nós? Não sabíeis que merecíamos, por nossos pecados, ser abandonados de Deus? Com razão, pois, vosso Pai eterno Vos abandona e vos deixa morrer num mar de dores e amarguras.
Ó meu Salvador, Vosso desamparo me aflige e me consola: aflige-me, porque Vos vejo morrer devido a tantos padecimentos; consola-me, porque me faz esperar que por Vossos merecimentos, não ficarei abandonado da divina misericórdia, como merecia por Vos ter abandonado tantas vezes, para seguir meus caprichos.
Ah! Se Vos foi tão penoso serdes privado por alguns momentos da presença sensível da divindade, fazei-me compreender qual seria meu suplício, se tivesse de ficar privado de Deus para sempre. Ó meu Jesus, eu Vos conjuro por esse cruel abandono que sofrestes por mim, não me abandoneis, principalmente no artigo da morte quando todos me tiverem abandonado.
Ah! Não me abandoneis, Vós, meu Salvador: meu Senhor angustiado, sede minha consolação na minha agonia. Bem sei que, se Vos amasse sem consolação, agradaria mais a vosso Coração; mas conheceis minha fraqueza: fortificai-me por Vossa graça; concedei-me no último momento a paciência e perseverança.
Maria, minha Mãe, socorrei-me no momento supremo. Desde já Vos entrego meu espírito. Falai por mim ao Coração de Vosso Filho: dizei-lhe que tenha piedade de mim na hora de minha morte.
Oração Jaculatória
Ó Coração de Jesus tão penetrado de dor na Cruz pelos pecados do mundo, dai-me verdadeira dor dos meus pecados.
Exemplo
É um ato da mais apostólica caridade, recomendar cada dia os moribundos ao Coração agonizante de Jesus. Quantas almas endurecidas podem ser convertidas a Deus por esta salutar pratica!
Em 1861, foi recebido no hospital de Limoges, um moço tísico, cujo estado gravíssimo fazia temer que não durasse muito. Por esta razão, jeitosamente o convidaram a confessar-se. Ele recusou. Alguns dias depois, o capelão quis fazer nova tentativa, mas encontrou mais resistência ainda.
Entretanto, o mal continuava a progredir com grande rapidez, e a Irmã, encarregada do cuidado dos enfermos, assustava-se pensando que uma alma tão pouco preparada ia transpor o limiar da eternidade. Ela pôs-se então, a rogar ao Coração agonizante de Jesus, e no mesmo empenho fez que orassem outras pessoas.
Um dia, encontrando o seu enfermo num estado mais inquietador, ela julgou seu dever dizer-lhe: «Meu amigo! Estais muito mal; de um momento para outro podeis comparecer diante do tribunal de Deus! Que será de vós? A quantos pesares vos expondes por toda a eternidade! Recusais os Sacramentos, isto é, o perdão de vossos pecados. Estai certo que, se persistis nisto, o inferno será vossa sorte.»
- «Minha irmã, vós me fatigais; deixai-me sossegado.» Esta foi a resposta do moço. Viu-se então, que só um milagre da misericórdia divina podia converte-lo. Este milagre foi pedido ao Coração agonizante de Jesus.
No dia seguinte, com surpresa geral, o pobre enfermo pediu um padre para se confessar. Convertido por uma graça inefável, ele recebeu os sacramentos com os sentimentos mais edificantes e consoladores. Depois de ter reparado de todo o coração o escândalo que tinha dado aos outros enfermos por sua obstinação, entrou em suave agonia e teve uma ditosa morte.
Ladainha do Sagrado Coração de Jesus
Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.
Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, trespassado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós , tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do Vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tem tributado; e, deixando-Vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de Vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.
Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.
Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.
Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!
Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vosso escravo.
Amém.
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
Referência:
“O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.




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