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20.º Dia - O Sagrado Coração de Jesus que morre por todos.

  • Cláudia Pereira
  • 19 de jun.
  • 10 min de leitura

Cristo agonizante. 1891. Nikolai Ge
Cristo agonizante. 1891. Nikolai Ge

As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.

Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de JunhoMês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.

Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.



20.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus

Golgotha



Vamos ao Calvário: aí encontraremos o Coração de Jesus que morre por todos.


Aproxima-se a hora da morte de Jesus. Contempla-o, alma cristã, seus olhos se obscurecem, sua bela face empalidece, seu Coração bate mais lentamente, seu corpo sagrado abandona-se à morte. Jesus vai dar o último suspiro.

Vinde, anjos do céu, vinde assistir a morte do vosso Deus. E vós, ó Maria, Mãe das dores, aproximai-vos da Cruz, erguei os olhos para Vosso Filho, que vai expirar.

Já nosso Redentor permite que a morte venha feri-lo: “Vem, ó morte, - diz-lhe, - faz teu ofício, corta-me o fio da vida e salva minhas ovelhas.” Nesse momento a terra treme, os túmulos se abrem, o véu do templo rasga-se. Logo, abatido pela violência das dores, o Salvador sente desfalecer suas forças; o calor natural o desampara; sua respiração pára; seu corpo se alui; ele solta de seu Coração aflito um profundo suspiro; sua cabeça cai sobre o peito, abre a boca e expira!

Sai, ó bela alma do meu Salvador, sai e vai-nos abrir o paraíso até agora fechado para nós. As pessoas presentes, observando que ele não faz mais movimento, dizem “Ele morreu! Ele está morto!”. Maria, ouve estas palavras e por sua vez: “Ah! Meu Filho está morto!”.

Ele morreu! Ai! Quem morreu? O autor da vida, o Filho único de Deus, o Senhor do universo. Ó morte, que assombra os céus e pasma a natureza! Um Deus morrer por suas criaturas! Ai! Quem o conduziu à morte? Foi o seu Coração, foi o seu amor. Ó caridade infinita! Um Deus que se imola inteiramente, sacrifica suas delícias, sua honra, seu sangue, sua vida, por quem? Pelas criaturas ingratas.

Ó minha alma, eleva os olhos e contempla o Homem Deus crucificado; vê o divino Cordeiro imolado sobre o altar da dor, é o Filho amadíssimo do Pai eterno, ele morreu por amor de ti! Vê como ele tem os braços abertos para te receber, a cabeça inclinada para te dar o ósculo da paz, o lado aberto para te dar entrada no seu Coração! Que dizes? Mereces ser amado um Deus tão bom e amante? Ouves o que o teu Senhor te diz do alto da Cruz? “Meu filho, vê se no mundo inteiro alguém te dá provas de mais amor do que eu, que sou teu Deus.”

Por esta morte, Jesus Cristo fez desaparecer tudo o que a nossa morte tinha de horrível. Antes, a morte era um suplício infligido a rebeldes; mas pela graça e pelos merecimentos do nosso Salvador, tornou-se sacrifício de tal maneira agradável a Deus, que, unindo-a à morte de Jesus Cristo, nós nos tornamos dignos de ir gozar da glória de Deus que Ele também goza.

Assim, graças à morte de Jesus Cristo, a nossa morte cessou de ser motivo de dor e temor; o Coração de Jesus converteu-a em meio de passarmos das misérias deste mundo para as delícias inefáveis do céu.

Por isso, os justos olham a morte, não com temor, mas com alegria. Santo Agostinho diz que aqueles que amam a Jesus Crucificado, suportam a vida com paciência e recebem a morte com prazer. E a experiência ordinária faz ver que as pessoas virtuosas, que mais sofreram durante a vida, por causa das perseguições, tentações, escrúpulos ou outras coisas incómodas, são as que Jesus Crucificado consola mais em seus últimos momentos.

Oh! Que duro era morrer antes da morte de Jesus Cristo! Mas por esta morte tão salutar para nós, o inferno foi vencido, a graça foi comunicada às almas, Deus se reconciliou com os homens, e a celeste pátria foi aberta a todos que morrem na inocência ou penitência.

Procuremos, pois, almas cristãs, em quanto vivemos neste exílio, procuremos olhar a morte, não como desgraça, mas como fim da nossa peregrinação tão cheia de angústias e perigos; olhemo-la como a porta da eterna felicidade que esperamos obter um dia pelos merecimentos do Coração tão caridoso de Jesus.


Para fazer na prática

Oferecer-me-ei a Deus protestando querer morrer no tempo e da maneira que lhe agradar, e rogando-lhe pelos merecimentos infinitos do Coração de Jesus, fazer que eu saia desta vida em estado de graça.


Afetos e Súplicas

Ó meu Jesus, recordai-Vos que prometestes atrair a Vós todos os corações quando fôsseis elevado na cruz. Eis aqui meu coração; enternecido à vista da vossa morte, ele não quer mais Vos resistir; dignai-vos atrai-lo completamente ao vosso amor. Por mim morrestes, meu Jesus, e por isso, só para vós quero viver.

Ó dores de Jesus, ó ignominias de Jesus, ó morte de Jesus, ó amor de Jesus, fixai-vos no meu coração; vossa lembrança esteja sempre n’Ele presente para me estimular e inflamar continuamente no amor a Jesus.

Ó Pai eterno, pelos merecimentos de Jesus, vosso divino Filho, morto por amor de mim, usai de misericórdia comigo. Minha alma, não percas a confiança por causa dos pecados que cometeste. Deus mesmo é que enviou seu Filho à terra para te salvar; e este Filho de Deus se ofereceu voluntariamente em sacrifício para expiar as tuas faltas. Ah! Meu Jesus, visto que para me perdoar não vos poupastes a vós mesmo, inclinai para mim vossos olhos hoje tão afetuosamente como no dia em que agonizastes por mim na cruz; e perdoai-me especialmente a ingratidão de que me tornei culpado para convosco no passado, pensando tão pouco em vossa Paixão e no amor de que então me destes prova. Eu vos agradeço me terdes mostrado, através das vossas chagas e membros lacerados, os ternos afetos do vosso Coração para comigo. Desgraçado de mim, se, depois de tal favor, cessasse de vos amar, ou se amasse outro objeto mais do que a vós.

Permiti que eu vos diga, como vosso fervoroso servo São Francisco de Assis: «Morra eu por amor de vosso amor, ó meu Jesus, que vos dignastes morrer por amor de meu amor!»

Ó Coração de meu Redentor, feliz morada das almas amantes, não vos digneis de receber também minha pobre alma? Ó Maria, Mãe das dores, recomendai-me a vosso Divino Filho, cujo coração se consumiu de amor para comigo. Contemplai essas carnes em pedaços, vede o seu precioso sangue derramado por mim, e conclui quanto lhe é agradável que lhe recomendeis minha salvação. Minha salvação é amá-lo; obtende-me então o amor a Jesus Cristo, mas um amor ardente e eterno.


Oração Jaculatória

  • Ó meu Amor Crucificado, desde já vos recomendo minha última hora.


Exemplo


Vigília na cabeceira da cama. 1809–1849. Willem Hendrik Schmidt
Vigília na cabeceira da cama. 1809–1849. Willem Hendrik Schmidt

Se queremos saber como Nosso Senhor se digna recompensar, na morte, aqueles que amam o seu Divino Coração, basta lermos a narração dos últimos momentos da Senhora de Angelis, jovem romana, que morreu a 30 de Maio de 1869.

A 28 de Maio ela recebeu o viatico; durante a ação de graças, ela apertou durante muito tempo sobre o peito a imagem do Coração de Jesus, falando-lhe com tal ternura, que a julgaram arrebatada em êxtase:

«Oh! Como estou contente, - exclamava ela, - como sou feliz, ó meu Jesus, por ser chegado o momento de me ir para junto de vós! Oh! Quanta consolação sinto! Sabeis, ó meu Deus, o quanto vos amo.»

Tendo mandado chamar seu irmão mais velho e seu sobrinho, falou-lhes com zelo apostólico sobre a importância da salvação, o apego à Igreja, a assistência quotidiana à santa Missa, a fugida das más companhias. Tendo-lhe seu confessor dito que ela iria logo para o paraíso, exclamou:

«Ó meu Pai! Que doce palavra! O paraíso! Vou para o paraíso! Vou enfim ver meu Jesus, unir-me a Maria, minha boa Mãe. Sim, vou para o paraíso.»

Ela pôs-se, então, a beijar mil vezes a imagem do Coração de Jesus, depois a de Maria e a de S. José.

«Em verdade, - dizia ela - não sou mais deste mundo: estou no Coração de Jesus sob o Manto de Maria: Oh! Como sou feliz! Nunca esperei ser tão consolada nos meus últimos momentos.»

No meio das mais violentas dores, ela falava a Nosso Senhor com a maior ternura:

«Vinde, - dizia ela, - vinde já, ó meu Jesus! Quanto me tarda unir-me a vós! Oh! quão amável sois, Senhor! Quão alegre paraíso vosso Coração! Ah! Quando verei o rosto tão arrebatador do meu Jesus! Quando beijarei suas mãos, seus pés, seu Divino Coração: sim, este Coração, cujo amor para comigo é sem limites, este Coração, que será a minha morada eterna, este Coração tão cheio de doçura e amabilidade!»

Enfim, tendo nas suas mãos a imagem do Coração de Jesus e olhando-a com ternura, repetiu muitas vezes: «Jesus! Jesus! Jesus!» e deu tranquilamente a sua alma a Deus. Todos os que a conheceram concordam em proclamar que sua bem-aventurada morte foi o fruto da sua devoção verdadeiramente extraordinária ao Sagrado Coração de Jesus.



Ladainha do Sagrado Coração de Jesus

Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.

Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).


Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.


Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.


Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.


Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, trespassado pela lança, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós , tende piedade de nós.

Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.


Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor.


V. Jesus, manso e humilde de coração,

R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.


Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do Vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tem tributado; e, deixando-Vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de Vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.


Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque

Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.

Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.

Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.

Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!

Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vosso escravo.

Amém.


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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.


Referência:

“O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.

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