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São Patrício, bispo - 17 de Março

  • Cláudia Pereira
  • 17 de mar.
  • 8 min de leitura

Atualizado: 27 de mar.

Patrício nasceu na Grã-Bretanha, por volta do ano 385. Ainda jovem foi levado prisioneiro para a Irlanda e mandado pastorear ovelhas. Recuperada a liberdade, abraçou o estado clerical, regressou à mesma ilha, onde foi eleito bispo da Irlanda. Evangelizou com grande zelo, converteu muitos à fé cristã e organizou aquela Igreja. Morreu nas cercanias de Down, cidade da Irlanda, no ano 461. Os antigos martirológios recordam a sua «deposição» no dia 17 de março.
sao patricio
São Patrício, bispo (385-461)

Vida, missão e morte

O pai de São Patrício, o diácono Calpúrnio, tinha uma quinta à beira-mar, no País de Gales. Pelo ano 404, os piratas saquearam-na e apoderaram-se de Patrício, nessa altura, com 16 anos e venderam-no a um ilhéu que, durante seis anos, o empregou a guardar rebanhos. São Patrício, orava e meditava muito, e passado algum tempo, fugiu e voltou para casa dos pais.

Em sonhos, teve uma visão, e resolveu dedicar-se à evangelização da Irlanda que se tinha voltado para o paganismo. Atravessou o mar, passou uma temporada com os monges de Lérins e depois partiu para Auxerre, onde frequentou a escola dos bispos Santo Amador e São Germano, entre 415 a 432. Julga-se que Santo Amador lhe conferiu o diaconado e São Germano, a sagração episcopal.

Os Irlandeses, que se tinham libertado há pouco tempo do domínio dos romanos, eram então, governados por pequenos reis bárbaros. Exercendo o poder absoluto como senhores exclusivos daquela terra, a sua religião era também a dos súbditos, e só eles podiam autorizar a construção de igrejas. Por isso, foram estes reis, objeto especial do zelo de São Patrício, assim que chegou à Irlanda.

A história da evangelização da Irlanda, gira quase inteiramente, ao redor das conversões que São Patrício operou entre os chefes dos clãs e das suas famílias. Fundou alguns mosteiros que deram origem às primeiras dioceses.

Foi perseguido por pagãos, e até pela inveja de membros da Igreja, mas a sua perseverança e seu esforço missionário ao longo de 20 anos, fez com que a Irlanda aderisse ao cristianismo e se tornasse, mais tarde, um dos países mais cristãos do mundo.

Perto do fim da sua vida, São Patrício, ou Saint Patrick, como é conhecido na Irlanda, retirou-se para Saul (uma aldeia no antigo condado de Down, na Irlanda do Norte), onde terá escrito a sua Confessio (em inglês). Diz-se que um anjo lhe comunicou que devia morrer em Saul, onde se situa a sua primeira igreja, apesar do seu desejo de morrer na metrópole eclesiástica da Irlanda. A sua extrema-unção foi administrada por São Tussach (também conhecido como Tassach ou Tassac).


Lendas

Antes do final do século VII, Patrício tinha-se tornado uma figura lendária e as lendas continuaram a crescer. Uma delas diz que ele teria lançado as cobras da Irlanda ao mar para as destruir. Uma hagiografia do século XII afirma que Patrício ressuscitou 33 pessoas, algumas das quais estariam mortas há muitos anos. Também terá rezado para que fossem fornecidos alimentos aos marinheiros famintos que viajavam por terra através de uma zona desolada, tendo aparecido milagrosamente uma manada de porcos.

Outra lenda, provavelmente a mais popular, é a do trevo. Utilizou este exemplo para explicar o conceito da Santíssima Trindade a um incrédulo, três pessoas num só Deus, mostrando o exemplo da planta de três folhas com um só caule. Tradicionalmente, os irlandeses usam trevos, a flor nacional da Irlanda, nas suas lapelas no dia de São Patrício, comemorado a 17 de março.


A couraça de São Patrício

A Couraça de São Patrício é uma oração popular atribuída a um dos mais queridos santos padroeiros da Irlanda. De acordo com a tradição, São Patrício a teria escrito por volta de 433 d.C., para invocar a proteção divina, depois de converter com êxito, do paganismo ao cristianismo, o rei irlandês e seus súditos. (O termo “couraça” refere-se a uma peça de armadura que se usa para uma batalha.)

Estudos recentes sugerem que o autor desta oração não seria de fato São Patrício. De qualquer forma, ela reflete muito bem o espírito com que o Apóstolo da Irlanda levou a santa fé católica a esse país.


Oração da Couraça de São Patrício

"Hoje me levanto com poderosa força e invoco à Santíssima Trindade com Trinitária fé professando a unidade do Criador e da criatura.

Hoje me levanto com a força do nascimento de Cristo, com a graça do seu batismo, com a força de sua crucificação e morte, com a força de sua ressurreição e ascensão, com a força de seu retorno no dia do juízo.

Hoje me levanto com a força do amor do Querubim, obediente aos anjos, a serviço dos arcanjos, na esperança da ressurreição para encontrar consolo com as orações dos patriarcas, as predições dos profetas, os ensinamentos dos apóstolos, a fé dos confessores, a inocência das santas virgens, os feitos dos homens de bem.

Hoje me levanto com a força dos céus: a luz do sol, o brilho da lua, o esplendor do fogo, a velocidade do trovão, a rapidez do vento, a profundidade dos mares, a permanência da terra, a firmeza da rocha.

Hoje me levanto com a força de Deus que me guia: sua grandeza que me apoia, sua sabedoria que me guia, seu olho que me cuida, seu ouvido que me escuta, sua palavra que me fala, sua mão que me defende, seu caminho para segui-lo, seu escudo para proteger-me, sua Eucaristia para livrar-me das armadilhas do demônio, da tentação dos vícios, daqueles que me desejam o mal, longe ou perto, só ou acompanhado.

Invoco hoje estes poderes para que se levantem entre mim e estes males, contra todos e cruéis infames poderes que desejam o mal, para meu corpo, contra as invocações dos falsos profetas, contra as nefastas leis da pagania, contra as falsas leis da heresia, contra as artes da idolatria, contra os feitiços das bruxas, quiromantes e feiticeiros, contra todo conhecimento que corrompe o corpo e a alma.

Cristo que me protege hoje contra o veneno, contra o fogo, contra morrer afogado, contra ser ferido, para que assim venha a mim abundante consolo.

Cristo comigo,

Cristo à minha frente,

Cristo atrás de mim,

Cristo em mim,

Cristo abaixo de mim,

Cristo sobre mim,

Cristo à minha direita,

Cristo à minha esquerda,

Cristo quando me deito,

Cristo quando me sento,

Cristo quando me levanto,

Cristo no coração de todo homem que pensa em mim,

Cristo na boca de quem fale de mim,

Cristo em todo olho que me vê,

Cristo em todo ouvido que me ouve.

Hoje me levanto com poderosa força e invoco à Santíssima Trindade com trinitária fé professando a unidade do Criador e da criatura.

Amém."


Sancti Patricii Hymnus ad Temoriam. (Couraça de São Patrício no original, em latim)


"Ad Temoriam hodia potentiam praepollentem invoco Trinitatis,

Credo in Trinitatem sub unitate numinis elementorum.


Apud Temoriam hodie virtutem nativitatis Christi cum ea ejus baptismi,

Virtutem crucifixionis cum ea ejus sepulturae,

Virtutem resurrectionis cum ea ascensionis,

Virtutem adventus ad judicium aeternum.


Apud Temoriam hodie virtutem amoris Seraphim in obsequio angelorum,

In spe resurrectionis ad adipiscendum praemium.

In orationibus nobilium Patrum,

In praedictionibus prophetarum,

In praedicationibus apostolorum,

In fide confessorum,

In castitate sanctarum virginum,

In actis justorum virorum.


Apud Temoriam hodie potentiam coeli,

Lucem solis,

Candorem nivis,

Vim ignis,

Rapiditatem fulguris,

Velocitatem venti,

Profunditatem maris,

Stabilitatem terrae,

Duritiam petrarum.


Ad Temoriam hodie potentia Dei me dirigat,

Potestas Dei me conservet,

Sapientia Dei me edoceat,

Oculus Dei mihi provideat,

Auris Dei me exaudiat,

Verbum Dei me disertum faciat,

Manus Dei me protegat,

Via Dei mihi patefiat,

Scutum Dei me protegat,

Exercitus Dei me defendat,

Contra insidias daemonum,

Contra illecebras vitiorum,

Contra inclinationes animi,

Contra omnem hominem qui meditetur injuriam mihi,

Procul et prope,

Cum paucis et cum multis.


Posui circa me sane omnes potentias has

Contra omnem potentiam hostilem saevam

Excogitatam meo corpori et meae animae;

Contra incantamenta pseudo-vatum,

Contra nigras leges gentilitatis,

Contra pseudo-leges haereseos,

Contra dolum idololatriae,

Contra incantamenta mulierum,

Et fabrorum ferrariorum et druidum,

Contra omnem scientiam quae occaecat animum hominis.


Christus me protegat hodie

Contra venenum,

Contra combustionem,

Contra demersionem,

Contra vulnera,

Donec meritus essem multum praemii.


Christus mecum,

Christus ante me,

Christus me pone,

Christus in me,

Christus infra me,

Christus supra me,

Christus ad dextram meam,

Christus ad laevam meam,

Christus hine,

Christus illine,

Christus a tergo.


Christus in corde omnis hominis quem alloquar,

Christus in ore cujusvis qui me alloquatur,

Christus in omni oculo qui me videat,

Christus in omni aure quae me audiat.


Ad Temoriam hodie potentiam praepollentem invoco Trinitatis.


Credo in Trinitatem sub Unitate numinis elementorum.

Domini est salus,

Domini est salus,

Christi est salus,

Salus tua, Domine, sit semper nobiscum."


São Paulo, na sua carta aos efésios, disse: «Revesti-vos da armadura de Deus, para terdes a capacidade de vos manterdes de pé contra as maquinações do diabo». (Ef 6, 11) São orações como esta, que podem funcionar como uma armadura divina que podemos usar nas guerras espirituais do dia-a-dia.


Confissão de São Patrício, bispo


(Cap. 14-16: PL 53, 808-809) (Sec. V)


"Por mim muitos povos renasceram para Cristo"


A toda a hora darei graças ao meu Deus, que me conservou fiel no dia da provação; por isso confiadamente ofereço hoje o sacrifício da minha vida, como hóstia viva, a Cristo meu Senhor, que me salvou de todas as minhas angústias, e Lhe pergunto: Quem sou eu, Senhor, ou qual é a minha vocação, para me terdes concedido tantas graças do Céu? Por vossa graça, posso hoje constantemente exultar e glorificar o vosso nome entre os gentios, onde quer que me encontre, na prosperidade como nas tribulações; suceda o que suceder, de bom ou de mau, tudo aceitarei com igual ânimo e sempre darei graças a Deus, que me ensinou a confiar n’Ele sem limites, e que sempre me há-de atender. Por vossa graça, nestes últimos dias, apesar da minha ignorância, pude encaminhar-me para esta obra tão maravilhosa e agradável a Deus: imitar aqueles de quem já o Senhor predissera que haviam de anunciar o seu evangelho, em testemunho a todos os povos.

Donde me veio esta sabedoria, que não estava em mim, que nem sabia contar o número dos dias, nem saborear a bondade de Deus? Donde me veio depois o dom tão grande e tão salutar, não só de conhecer e amar a Deus, mas de deixar a pátria e a família e de vir até aos povos da Irlanda para pregar o evangelho, receber os ultrajes dos incrédulos, ser desprezado como estrangeiro e suportar inumeráveis perseguições até ser encarcerado, e sacrificar a minha condição de homem livre pelo bem dos outros?

E se for achado digno de tal honra, estou pronto também, sem hesitar e de bom grado, a dar a minha vida pelo seu nome e a gastá-la por Ele até à morte, se o Senhor mo conceder. Porque é grande a minha dívida para com Deus que me concedeu esta tão grande graça: por mim, muitos povos renasceram para Deus e em seguida foram conduzidos à perfeição; e em toda a parte muitos clérigos foram ordenados para servirem este povo recém-chegado à fé, que o Senhor tomou do extremo da terra, como no passado prometeu pelos Profetas: A Vós virão as nações desde as extremidades da terra e dirão: Os nossos pais somente herdaram a mentira, vaidade que não serve para nada. E ainda: Fiz de ti a luz das nações, para que leves a minha salvação até aos confins da terra.

É aqui que eu quero esperar a realização da sua promessa que nunca engana, como está garantido no Evangelho: Virão do Oriente e do Ocidente, e sentar-se-ão à mesa com Abraão e Isaac e Jacob. Assim acreditamos que do mundo inteiro hão-de vir os crentes.


São Patrício, bispo, rogai por nós!


Que Deus vos abençoe sempre.

Referências:

José Leite, S.J. - "Santos de cada dia". Braga: Editorial A.O, 2.º edição aumentada. D.P 14.779/87










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