São Carlos Borromeu, bispo - 4 de Novembro
- Cláudia Pereira
- há 4 dias
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Atualizado: há 13 horas
«Não é possível uma vela iluminar os outros sem se gastar». - São Carlos Borromeu, bispo
São Carlos Borromeu, bispo

Meus queridos irmãos e irmãs, celebramos hoje, 4 de Novembro, a memória de São Carlos Borromeu, o grande Arcebispo Cardeal de Milão, que encarnou como ninguém o ideal de bispo desejado pela reforma do Concílio de Trento.
São Carlos Borromeu era sobrinho do papa, Papa Pio IV, e ainda muito jovem foi para Roma quando não era somente diácono. Foi elevado ao cardinalato e ali trabalhou pela reforma da Igreja. Convenceu, como grande diplomata, que o Concílio de Trento fosse retomado. O papa, que era tio dele, era muito impopular, mas ele conseguiu, com os governos da França e da Espanha, retomar o Concílio de Trento, de tal forma que as últimas sessões da Seção XVII em diante, devemos ao seu trabalho que acompanhou de perto a obra do Concílio de Trento, embora estivesse em Roma como secretário de Estado e com os encargos que tinha.
Uma vez emanados os decretos do Concílio de Trento, ele mesmo, que já vivia uma vida muito santa, foi exemplo para a reforma da conduta do clero em Roma e da Cúria romana. O embaixador de Veneza em Roma, na época, disse que só o exemplo do Cardeal Carlos Borromeu fez mais bem ao ambiente da Cúria romana do que os próprios decretos do Concílio de Trento.
Então, ainda durante o Concílio de Trento, morreu o irmão mais velho de Carlos e ele deveria deixar tudo, deixar a sua missão na Igreja, para assumir como conde no Palácio Borromeu, em Arona, no norte, perto de Milão, no norte da Itália. No entanto, ele renuncia ao seu direito de sucessão e pede a ordenação sacerdotal. Logo em seguida, o seu tio o nomeia Arcebispo de Milão, ele é sagrado bispo e, seguindo as indicações do Concílio de Trento, deixa Roma e vai morar em Milão, e já fazia 80 anos que um bispo de Milão não morava em Milão.
A diocese de Milão, era uma diocese de proporções imensas, eram somente meio milhão de pessoas, 560 mil habitantes, no entanto, eram mais de três mil sacerdotes, duzentos conventos, e mais de 700 paróquias.
São Carlos Borromeu visitou a sua diocese mais de três vezes durante o tempo do seu episcopado, cuidou da reforma do clero, da implantação dos decretos do Concílio de Trento, ele mesmo, dando o exemplo com a sua vida. Ele mesmo, que antes havia trabalhado em Roma para a reforma do Breviário, para o estabelecimento do texto da Vulgata, a reforma da Missa que depois foi promulgada por São Pio V, ele que havia ajudado na redação do Catecismo para os párocos, ele então, fez com que a disciplina do Concílio fosse sendo implementada na sua diocese, mas não sem dificuldades.
Pra vocês terem ideia, um dia, quando ele estava rezando em sua capela, ele foi atingido por um disparo de arcabuzo, uma bala, que atravessou a sua batina e a sua sobrepeliz, mas não o atingiu milagrosamente, tal era a resistência das pessoas, do clero, a adotar uma vida santa.
São Carlos Borromeu dedicou-se enormemente, não somente à educação do clero, fundando o seminário conforme o pedido do Concílio de Trento, mas também reformando a vida daqueles que já eram sacerdotes.
Ele, como um exemplo de caridade e de obras que surgem pela fé, contradizendo, na prática, tudo o que Lutero dizia, fez hospitais, orfanatos, asilos, e essa imensa atividade de caridade para que a Igreja realmente desse os frutos de amor que a fé viva deve dar.
Foi então que ele viu a sua diocese atingida pela peste, quando a peste começou a matar a população de Milão. São Carlos Borromeu não teve dúvidas, pôs mãos a obra, vendeu toda a mobília do palácio episcopal e, junto com os seus padres, incentivando-os, foi lá para atender os doentes, todos tiveram medo de que ele se contaminasse, mas não aconteceu, ele deu a sua vida e deu-a até o fim.
Tal era a sua vida de oração e de penitência, que as pessoas tinham medo pela sua saúde. São Carlos Borromeu, a partir de 1571, fazia somente uma refeição por dia, pão, água e alguns legumes. Passava horas a rezar, muitas vezes passava oito horas da noite em oração e meditação, dormindo somente quatro horas por dia, dormindo em cima de umas cobertas na palha, vivia uma vida austera, com o seu rosto cavado pelos jejuns, mas vivia isso por amor a Cristo.
Uma vez, um frade capuchinho perguntou: «Todos estão preocupados com a sua saúde senhor...», ele disse então, dando o exemplo a todos nós: «Não é possível uma vela iluminar os outros sem se gastar».
Que São Carlos Borromeu, exemplo extraordinário e luminoso de pastor, de bispo, de homem contemplativo e ativo, de grande fé e de grandes obras, seja para nós intercessor no Céu, e modelo para a nossa vida aqui na terra.
Do sermão de São Carlos, bispo, no encerramento do último Sínodo
(Acta Ecclesiae Mediolanensis, Milão 1599, 1177-1178) (Sec. XVI)
Não digas uma coisa e faças outra
Confesso que todos somos fracos; mas o Senhor Deus pôs à nossa disposição os meios que, se quisermos, facilmente nos podem ajudar. Tal sacerdote desejaria adoptar a pureza de vida que lhe é exigida, ser casto e ter costumes angélicos, como é devido. Mas não se propõe lançar mãos dos meios para isso: jejuar, rezar, fugir de más conversas e de familiaridades perigosas.
Queixa se outro sacerdote de que, ao entrar no coro para salmodiar ou ao dispor se para celebrar missa, imediatamente lhe assaltam o espírito mil coisas que o distraem de Deus. Mas, antes de ir para o coro ou para a missa, que fazia ele na sacristia, como se preparou e que meios escolheu e empregou para concentrar a atenção?
Queres que te ensine como adiantar de virtude em virtude e, se já estiveste com atenção no coro, como estarás na vez seguinte ainda mais atento, para que o teu culto de louvor seja cada vez mais agradável a Deus? Ouve o que digo. Se já se acendeu em ti alguma centelha do amor divino, não queiras manifestá la imediatamente, não queiras expô la ao vento. Deixa o forno fechado, para não arrefecer e perder o calor. Evita as distracções na medida do possível. Conserva te recolhido com Deus e foge das conversas frívolas.
É tua missão pregar e ensinar? Estuda e consagra te a quanto é necessário para desempenhar devidamente esse ministério. Procura, antes de tudo, pregar com a tua própria vida e os teus costumes, para não acontecer que, vendo te dizer uma coisa e fazer outra, comecem a menear a cabeça e a troçar das tuas palavras.
Exerces a cura de almas? Não descures então o cuidado de ti próprio, para não te dares tão desinteressadamente aos demais que nada reserves para ti. Sem dúvida, é necessário que te lembres das almas que diriges, mas desde que te não esqueças de ti.
Compreendei, irmãos, que nada é tão necessário para todos os clérigos como a oração mental, que precede, acompanha e segue todas as nossas orações. Cantarei, diz o profeta, e meditarei. Se administras sacramentos, irmão, medita no que fazes; se celebras missa, pensa no que ofereces; se cantas no coro, considera a quem falas e o que dizes; se diriges almas, medita em que sangue foram purificadas. Tudo entre vós se faça com espírito de caridade. Assim poderemos vencer facilmente as inumeráveis dificuldades que inevitavelmente encontramos cada dia (formam parte do nosso ministério). Assim teremos força para fazer nascer Cristo em nós e nos outros.
Bibliografia:
Padre Paulo Ricardo - “Memória de São Carlos Borromeu, Bispo” in Homilia Diária (4.Nov.2017)
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.




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