7.º Dia - O Sagrado Coração de Jesus Menino carregado dos pecados do mundo.
- Cláudia Pereira
- 7 de jun.
- 11 min de leitura
Atualizado: há 5 dias

As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.
Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de Junho – Mês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.
Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.
7.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus
O Sagrado Coração de Jesus Menino
Vamos a Belém: aí encontraremos o Coração de Jesus Menino carregado dos pecados do mundo.
A maior pena de um exilado, é ser considerado como criminoso e indigno de morar entre os seus concidadãos. Pois bem! O Coração de Jesus quis submeter-Se a esta humilhação. Tomando sobre Si as nossas iniquidades, que nos tinham feito excluir da pátria celeste, não devia Ele sofrer também a pena do banimento pronunciada contra nós?
Na antiga lei, todos os anos se fazia a cerimónia do bode emissário, em que o sumo sacerdote carregava todos os pecados do povo; depois disto, enxotavam-no para o deserto, como objeto da ira de Deus.
Este bode representa o nosso Redentor, que se dignou tomar sobre si todas as maldições que merecemos por causa das nossas faltas e tornar-se a própria maldição, segundo a expressão de S. Paulo, para nos obter a bênção divina.
«Cristo resgatou-nos da maldição da Lei de Moisés, tornando-Se maldição por amor de nós, como está escrito: «Maldito aquele que é suspenso do madeiro».» - Gal 3, 13
Considerai então, o Verbo divino a fugir para o Egito, e perseguido, antes pela ira de do Seu Pai que pela espada de Herodes. É que Ele quis, não somente tomar a forma humana de pecador, mas ainda carregar-se de todos os pecados dos homens, - diz Isaías, - a fim de sofrer a pena deles, como se os pecadores fossem seus superiores.
«Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.» - Is 53, 10-11
Pensemos aqui, que opressão e agonias sofreu o Coração de Jesus Menino, quando, assim carregado de todas as iniquidades do mundo, viu que a justiça divina lhe exigia plena satisfação.
O Salvador via claramente a malícia de cada pecado, porque, pela luz da Sua divindade, conhecia infinitamente melhor do que todos os homens e anjos, a bondade infinita de Seu Pai e o direito infinito que Ele tem de ser amado e respeitado; e via-se carregado pela multidão inumerável de pecados que tinham cometido, e que ainda cometeriam os homens, pelos quais ele devia sofrer e morrer.
Um dia, o Senhor revelou a Santa Catarina de Genova, a fealdade de um só pecado venial. Quando ela viu, causou-lhe tanto espanto e dor, que caiu sem sentidos.
Qual seria a pena do Coração de Jesus Menino, quando, logo que nasceu, se viu na dura necessidade de tomar o caminho do exílio, como outrora o bode emissário, carregado de todas as nossas iniquidades! Jesus, perseguido por Herodes e pela ira de Seu Pai, naturalmente nos faz pensar no pecador assaltado de temores, pungido de remorsos e perseguido pela ira de Deus e pela sua consciência criminosa.
O pecador, traz consigo o temor da vingança divina. Quando alguém tem como inimigo um homem poderoso, não consegue comer nem dormir em paz. Que será, ter por inimigo o Onipotente?
Aquele que está em pecado, como se espanta quando a terra treme, ou quando o trovão ribomba! Basta que uma folha caia, para o espantar. Ele foge continuamente sem que ninguém o persiga: engano-me, é perseguido pelo mesmo pecado.
Depois de ter matado o seu irmão Abel, Caim julgava que todos tinham as mãos erguidas contra ele para lhe arrancar a vida; e embora o Senhor lhe tivesse dado certeza de que nenhum mal lhe seria feito, ele, desgraçado, não parou de fugir de um lugar para outro, como a Escritura nos ensina. Mas quem perseguia Caim? O seu pecado.
Além disto, o pecado faz nascer o remorso, este verme terrível, que não pára de roer a consciência criminosa. O pecador vai ao espetáculo, ao baile, a um banquete, e por toda parte a consciência brada: “Desgraçado! Tu estás em inimizade com Deus, se te acontece de morrer agora, para onde irás?” Esta repreensão interior, é um tormento tão grande, que, para livrar-se dela, já se tem visto criminosos suicidar-se. Um deles foi Judas, que, como se sabe, enforcou-se de desespero.
Oh! Que reconhecimento os pecadores devem ao Coração de Jesus! Porque, conservando-se puro da mancha do pecado, ele quis, apesar de tudo, tomar sobre si todas as misérias que a natureza humana tinha atraído para si, como punição do pecado! Sim, para nos salvar, Jesus ofereceu-se voluntariamente a seu Pai, em expiação e reparação das nossas faltas, e Deus Pai o carregou de todas as nossas iniquidades.
Para fazer na prática
Para não sucumbir às tentações, considerarei, de um lado o pecador perseguido pelos temores e remorsos, de outro, o Coração de Jesus, temendo mais as perseguições do pecador, que as perseguições de Herodes.
Afetos e Súplicas
Amadíssimo Redentor, eu sou um desses ingratos que pagaram o Vosso imenso amor, as Vossas dores e a Vossa morte, com ofensas e desprezos. Prevendo minhas ingratidões, como pudestes amar-me tão ternamente, e resolver-Vos a suportar, por mim, tantas humilhações e padecimentos?
Ai! O mal está feito, mas não quero desesperar. Senhor, dai-me agora a contrição que merecestes pelas Vossas lágrimas. O meu desejo, é que o meu arrependimento iguale minhas inimizades.
Ó Coração cheio de ternura do meu Salvador! Coração outrora tão afligido e amargurado para a minha salvação, e agora, ainda tão inflamado de amor para comigo, eu Vos rogo, mudai o meu coração, dai-me um coração capaz de reparar os desgostos que Vos causei, e um amor tão grande, como tão grande foi a minha ingratidão.
Já sinto o desejo vivo de vos amar! Agradeço-Vos, meu Jesus, vejo que tivestes a bondade de enternecer o meu coração. Desprezo e detesto de todo o meu coração os pecados que cometi. Quem me dera apaga-los com o meu sangue!
Agora, prefiro a Vossa amizade, a todas as riquezas e todas as honras. Desejo agradar-Vos tanto quanto me for possível. Amo-Vos, ó amabilidade infinita, mas vejo que meu amor é muito fraco; aumentai-lhe a chama, dai-lhe mais ardor.
Ah! Quero corresponder ao Vosso amor, com um amor muito mais ardente, porque Vos ofendi tanto, e em vez de castigos, recebi de Vós tantos e tão insignes favores. Ó Bem Supremo, não permitais que eu continue a viver na ingratidão, depois tantas graças que me tendes dado. Dir-Vos-ei como São Francisco: “Que eu morra, por amor do Vosso amor; ó Vós, que Vos dignastes morrer, por amor do meu amor!
Maria, minha esperança, ajudai-me, recomenda-me ao Coração de Jesus.
Oração Jaculatória
Coração armabilíssimo de Jesus, ensinai-me Vossa humildade.
Exemplo
O bem-aventurado [Santo] Geraldo Maiella , grande taumaturgo do século 18, e digno discípulo de santo Afonso de Ligório, a cuja sociedade pertencia, na qualidade de irmão leigo, tinha recebido do misericordioso Coração de Jesus, o dom de converter os maiores pecadores. Pode-se dizer, que ele tinha maior conhecimento da consciência dos outros, que da sua própria consciência.
Certo dia, este irmão encontrou um pecador recidivo, a quem o respeito humano encadeava ao inferno, e que não pensava, de modo nenhum, em mudar de vida. Geraldo, conduziu-o diante de um crucifixo que tinha no seu quarto, e aí, descobrindo-lhe a negrura da sua consciência, disse-lhe: «Como podes ofender o teu Deus deste modo!?» Depois, mostrando-lhe a imagem do Salvador pregado na cruz: «Quem fez estas chagas, - acrescenta ele, - senão tu, com os teus pecados? E quem lhe tirou o sangue das veias, senão tu?» Neste instante viu-se o sangue correr das chagas das mãos, dos pés e do Coração de Jesus.
O miserável, compungido, foi logo lançar-se aos pés do padre Petrella, contando-lhe o facto, com todos os sinais do mais vivo arrependimento, e permitindo-lhe que o tornasse público.
O amor terno e imenso, que Geraldo consagrava a Jesus na Eucaristia, fez-lhe tomar as mais rudes penitências em expiação dos sacrilégios. Ele usava continuamente do dom de ler nos corações, para ajudar as almas a declararem os seus pecados, que a maldita vergonha fazia ocultar ao confessor.
Um dia, Geraldo disse a um cavalheiro: «Meu filho, viveis no crime, quereis morrer como réprobo? Ide confessar esse pecado que há tanto tempo escondeis.» Noutro dia, disse a certa mulher: «Minha irmã, como podeis dormir em paz, vivendo na inimizade de Deus? Porque não confessais tal pecado que ocultais há tantos anos?» Ainda outra vez, disse a uma donzela: «Minha filha, há tantos anos que fazeis confissões e comunhões sacrílegas, e quereis passar por santa! Ide, confessai-vos como deve ser, se quereis evitar o inferno.»
Nos dias de confissão e comunhão, Geraldo circulava continuamente na igreja, para desviar do sacrilégio, aqueles que se encontravam em estado de pecado mortal. Os padres, diziam que este irmão convertia tantas almas, como dez missionários. Ele oferecia-se a Deus sem cessar, como vítima pelos pecados do mundo. Quando Maiella viu que o seu fim se aproximava, pediu ao Senhor como graça, padecer as penas que Jesus agonizante sofreu na cruz, no seu corpo e no seu Coração. Deus concedeu-lhe o que pedia. Pelo que o ouviam gemer e clamar: «Sofro o martírio! Rogai por mim, - dizia ele a um padre que o viera visitar; - rogai por mim, porque sofro muito. Eu estou nas chagas de Jesus Cristo, e elas em mim: sinto todas as penas interiores e exteriores que Jesus Cristo sofreu na sua Paixão.»
Este santo Redentorista, morreu em 1753 com 29 anos.
Ladainha do Sagrado Coração de Jesus
Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.
Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, trespassado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós , tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do Vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tem tributado; e, deixando-Vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de Vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.
Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.
Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.
Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!
Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vosso escravo.
Amém.
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
Referência:
“O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.




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