4.º Dia - Meditações para o Mês do Sagrado Coração de Jesus
- Cláudia Pereira
- 4 de jun.
- 11 min de leitura
Atualizado: 9 de jun.
As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.
Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de Junho – Mês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.
Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.
4.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus
O coração de Jesus Menino
Vamos a Belém: aí encontraremos o Coração de Jesus Menino, que se revela á nossa fé.

Para contemplar com amor e ternura o nascimento de Jesus Cristo, devemos pedir ao Senhor, o dom de uma fé viva. Se entramos sem fé na gruta de Belém, teremos apenas sentimentos de piedade. Aqui, a fé deve ser o nosso guia e o nosso archote. Com ela, veremos e admiraremos; esperaremos e seremos cumulados de bens; amaremos, e o nosso coração dilatar-se-á. A fé, conduzir-nos-á à confiança; a confiança ao amor, e o amor nos introduzirá no Coração de Jesus.
«Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações.» - Is 60, 5
Todo o mistério exige nossa a fé, mas principalmente o mistério da Encarnação; porque, se nos permitirmos a acreditar neste, todos os outros se tornam criveis, pela mesma palavra do Verbo Encarnado.
Então, entremos na gruta. Mas entremos esclarecidos pela luz viva da fé. Sem ela, que veríamos? Um nascimento, em tudo ordinário. Mas com fé, veremos este novo Menino que Deus devia criar: com um coração novo, delícias do paraíso, objeto dos afetos e complacências do Pai Celeste.
«Dias virão, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova.» - Jer 31, 31
Privado da fé, o homem não veria no presépio, senão um menino como qualquer outro. O cristão, vê ali o Verbo feito carne, tendo um Coração de carne como o nosso, mas animado pelo amor eterno que O fez descer sobre a terra, para atrair o homem para Deus. Vê ali o Filho único de Deus - igual ao seu Pai, - eterno como seu Pai, onipotente como seu Pai, imenso, sábio, feliz, soberano Senhor do céu e da terra, dos anjos e dos homens, mas que, para dar o Seu Coração ao homem e para o resgatar, Se abateu até tomar a forma de servo, revestindo-se de carne humana. Ah! Se a fé não nos desse certeza disto, quem acreditaria em tal prodígio!
«E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade.» - Jo 1, 14
Sem os olhos da fé, não veríamos neste berço de palha, senão um menino estranho, que nada tem de comum connosco. Mas tendo a fé como guia, veremos Nele um irmão muito amado. “Ó homem, considera este prodígio, exclama Santo Agostinho: Eis que o teu Deus se tornou teu irmão! Ele se fez filho de Adão como tu; tomou olhos, mãos, pés, enfim, um coração de carne, semelhante aos teus. Ó excesso de amor divino!» Estando mortas para a graça, todas as almas às quais era impossível renascer, por suas forças, só para a vida, o Filho de Deus, movido pelas entranhas da sua misericórdia, desceu do céu para ressuscitá-las. Mas, Senhor - pergunta Job, - que é o homem, este ser desprezível, tão ingrato para convosco; «que é o homem para que o torneis tão grande, honrando-o e amando-o deste modo?» (Job 7, 17). Dizei-me, ó meu Deus, que Vos importam a salvação e a felicidade do homem? Porque lhe sois tão apegado, que o Vosso coração não parece ocupado, senão em o amá-lo e torná-lo feliz?
Sem a fé, que veríamos nós em Belém? Um menino que não tem uso algum de suas faculdades, incapaz de nos conhecer e amar. Mas que nos diz a fé? Ela diz-nos que Jesus, desde o primeiro instante da sua vida, teve o perfeito uso da razão, o espírito dotado de inteligência divina para nos conhecer, e o Coração cheio de amor divino para nos amar. Assim, as lágrimas de Jesus Menino foram muito diferentes das dos outros meninos: estes choram de dor, ao passo que Jesus chorava de compaixão e amor para connosco. Assim também, ao sugar o leite dos seios de Maria, fazia-o para nutrir o corpo que Ele nos queria dar em sustento na santa comunhão; pensava em converter esse leite no Seu sangue para o derramar na Sua morte e oferecê-lo como preço da nossa redenção. Ó Deus amantíssimo, vós pensáveis em mim, como em mim havíeis pensado desde toda a eternidade.
Enfim, sem a fé, Jesus seria para nós o que Ele é para muitos, - Ai! - um Deus desconhecido. Então, entremos na gruta com fé viva, e vejamos na lapinha, sobre uma pouca de palha, este tenro menino que chora. Ah! Como Ele é belo! Que amor inspira! Seus olhos lançam dardos de fogo nos corações daqueles que o desejam; Seus vagidos são chamas que penetram os corações que o amam! O presépio, a palha, tudo nos clama: Amor ao Deus Menino que nos traz seu Coração!
Para fazer na prática
Do fundo do meu coração direi: Creio firmemente que o Filho de Deus se fez homem, que o Evangelho é Sua palavra, que a Igreja é Sua obra, que o Papa é Seu vigário infalível. Creio em tudo o que a Igreja manda crer; rejeito tudo o que ela reprova.
Afetos e Súplicas
Terno e amável Menino, embora eu Vos veja tão pobre nesta palha, reconheço-Vos e adoro-Vos como meu Senhor e meu Criador. Compreendo o que Vos reduziu a tão miserável estado; é Vosso Coração, é o Vosso amor para comigo.
Ó meu Jesus, quando, depois disto, penso no modo como Vos tratei no passado, nas injúrias que Vos fiz, espanto-me de que tenhais podido suportar-me. Ah! Malditos pecados, que tendes feito? Encheis de amargura o Coração de um tão bom Senhor! Por piedade, caro Salvador meu, pelos padecimentos que sofrestes e pelas lágrimas que derramastes no presépio de Belém, dai-me tão grande dor, que me faça chorar toda a minha vida os desgostos que causei.
Abrasai-me de amor para conVosco, mas de amor tal, que compense todos os meus crimes contra Vós. Eu Vos amo, terno Salvador meu, eu Vos amo, ó Deus feito menino por mim! Eu Vos amo, meu amor, minha vida, meu tudo! Prometo-Vos, não amar de agora em diante, senão a Vós. Ajudai-me com Vossa graça, sem a qual nada posso.
Ó Maria, minha esperança! Do Coração do Vosso divino Filho, alcançais tudo o que quereis; rogai-lhe que me conceda o Seu santo amor. Minha Mãe, atendei-me.
Oração Jaculatória
Ó Coração adorável, iluminai aqueles que não vos conhecem.

Exemplo
Um grande movimento para a Igreja Católica, acontece entre os muçulmanos da Síria, desde 1868. Num dos arredores de Damasco, um certo Abd-el-Rarim-Matar, tinha o costume de reunir os seus discípulos - cerca de sessenta, a setenta, - e passar com eles uma parte das noites em oração, diante do trono da graça, pedindo para serem esclarecidos. Estas súplicas enterneceram o Coração de Jesus.
Depois de terem perseverado algum tempo nesta nova estrada, alguns entre eles, começaram a ser abalados na sua falsa crença e a serem atormentados por dúvidas. Dois anos se passaram neste estado de ansiedade, sem que nenhum suspeitasse das torturas que afligiam as consciências de todos. Enfim, receberam numa visão, a segurança de que: a religião de Jesus Cristo, lhes daria a paz que buscavam. Todavia, tal era o medo que tinham de ser traídos, que nenhum deles ousou confiar o segredo ao seu vizinho.
Uma noite, reuniram-se como de costume para orar - mais ou menos quarenta e dois deles, - e após prolongados exercícios de devoção, adormeceram. Então, Nosso Senhor dignou-Se a aparecer a cada um deles em particular. Todos acordaram ao mesmo tempo, espantados e agitados, e um deles, animando-se, contou aos outros a visão que tivera. Um por um, foram dizendo então: “Eu também vi!” Tão consolados e confortados foram por Cristo que, determinados a seguir a Sua Lei, ansiavam, cheios de imensa alegria, sair logo pelas ruas proclamando a divindade de Jesus.
Foi necessário recordar-lhes que, com isto, só conseguiriam exacerbar os ânimos dos judeus, os quais, os matariam, ficando a cidade privada de toda a esperança de que se converter como eles. Estes cristãos novos, precisavam de um diretor, para suster os seus passos vacilantes no novo caminho em que tinham entrado, e rogavam a Deus para que, na Sua misericórdia, se dignasse enviar-lhes quem lhes satisfizesse os desejos.
Uma noite, depois dos seus exercícios ordinários de devoção, adormeceram e, em sonhos, viram-se transportados a uma igreja cristã, onde um velho de barbas brancas, vestido de sarja escura e com uma vela acesa na mão, passou diante deles, sorrindo com benevolência, e lhes repetia estas palavras: “Aqueles que buscam a verdade sigam-me.” Acordando, contaram o sonho uns aos outros, e combinaram pôr-se á procura da personagem que lhes aparecera.
Durante três meses andaram nesta diligência pela cidade e arredores, sem cessarem de orar. Certo dia aconteceu, que um dos neófitos entrou casualmente no convento dos Padres da Terra Santa, situado a nordeste da cidade de Damasco. Quão grande foi a sua surpresa, ao reconhecer na pessoa do superior padre Manoel Forner, a personagem que lhe havia aparecido em sonho! Todos lhe testemunharam o desejo de receber o batismo.
Depois da experiência, recomendada pela prudência, o padre Forner acedeu ao seu pedido. No fim de algum tempo, o número dos neófitos ascendia a 250. Também a atenção dos muçulmanos, não tardou a ser atraída para eles. Os ulemás de Damasco ficaram consternados, e finalmente, numa reunião, resolveram matar os neófitos.
Quatorze deles foram retidos na prisão durante três meses; depois, por exigência do cônsul da Rússia, foram postos provisoriamente em liberdade. Mas doze foram novamente capturados e transportados para uma das fortalezas de Dardanelos, ao mesmo tempo que os seus filhos e mulheres morriam de fome em Damasco. Enfim, foram desembarcados na costa da Barbária, de onde foram desterrados em Murzuque. Mas estas severidades, longe de abafarem o movimento, não fizeram senão dar-lhe mais força, e hoje existem, segundo afirmam, só na cidade de Damasco, mais de cinco mil neófitos. (The Tablet, 1871)
Ladainha do Sagrado Coração de Jesus
Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.
Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejado das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos que vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação por nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, transpassado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, vos tem tributado; e, deixando-vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.
Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.
Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.
Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!
Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vossa escrava.
Amém.
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
Referência:
“O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.
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