2.º Dia - Meditações para o Mês do Sagrado Coração de Jesus
- Cláudia Pereira
- 2 de jun.
- 10 min de leitura
Atualizado: 9 de jun.

As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.
Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de Junho – Mês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.
Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.
2.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus
Objeto da devoção ao Sagrado Coração de Jesus
Para bem fazer conhecer o objeto desta devoção, cumpre-nos dizer que ele é duplo: espiritual e material. O objeto espiritual, é o amor em que arde no Coração de Jesus Cristo para com os homens, atenta a circunstância de ser o amor sempre atribuído ao coração, como o atestam muitas passagens das Sagradas Escrituras:
«Meu filho, dá-me o teu coração, e os teus olhos se comprazam nos meus caminhos.» - Prov. 23, 26
«A minha alma suspira e tem saudades dos átrios do Senhor; o meu coração e minha carne cantam de alegria ao Deus vivo.» - Salmo 84(83), 3
«Ainda que o meu corpo e o meu coração desfaleçam, Deus será sempre o meu refúgio e a minha herança.» - Salmo 72(72), 26
«Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.» - Rm 5, 5
O objeto material ou sensível, é o Sagrado Coração de Jesus, não só tomado, mas unido á santa humanidade, e, por conseguinte, á divina pessoa do Verbo.
Duas razões urgem connosco para honrarmos este Coração material de Jesus: a primeira, é que o coração é uma das primeiras fontes e um dos primeiros órgãos da vida do homem; porque os fisiologistas dizem comummente que o coração, ao qual se referem todas as artérias e todas as veias, é a fonte e o princípio da circulação do sangue, e, por conseguinte, não há dúvida de que as outras partes do corpo recebem movimento dele. Então, se o coração é uma das primeiras fontes da vida humana, é de estranhar que lhe caiba especial função nos afetos do homem? Com feito, vê-se que a dor e o amor fazem muito mais impressão no coração, do que em qualquer outro órgão.
No que diz respeito, particularmente ao amor, lê-se na vida de São Filippe de Neri, que nos ardores do seu amor para com Deus, o calor do seu coração fazia-se sentir no seu peito, e que o Senhor, separou miraculosamente as costelas do santo, a fim de dar a este coração abrasado, mais espaço para mover-se.
Santa Teresa, refere que Deus enviou muitas vezes um anjo para lhe ferir o coração, e que ela ficava depois tão inflamada no amor divino, que entre ardores desfalecia.
Mas há ainda outra razão que nos impele a honrar o Coração de carne do Verbo Humanado. A Igreja julgou bom venerar diversos instrumentos da Paixão de Jesus Cristo, como a lança, os cravos, a coroa, os espinhos, e isto, porque eles tocaram os membros do Salvador que tiveram tormento particular na sua Paixão; portanto, não é justo que honremos com especial culto o Sagrado Coração de Jesus Cristo, que teve tão grande parte nos seus afetos e nas imensas dores que padeceu, á vista dos tormentos que lhe eram preparados, e da ingratidão que os homens iam opor ao seu amor? O suor de sangue de Nosso Senhor no jardim das Oliveiras, não se pode explicar, senão por um violento aperto do coração, que parou o curso do sangue e o forçou a derramar-se fora; e este aperto do coração, provinha certamente das penas interiores de temor, desgostos e tristeza, que Jesus sofreu, segundo a narração dos Evangelistas:
«Tomando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir pavor e a angustiar-Se.» - Mc 14, 33
«E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se.» - Mt 26, 37
Para fazer na prática
Vou colocar na minha casa, num lugar de honra, a imagem do Sagrado Coração de Jesus; este Coração divino será de agora em diante, o meu Rei, meu Sumo Bem, o objeto de todos os meus afetos. Consagrar-lhe-ei a minha pessoa, a minha família e tudo o que me pertence.
Afetos e Súplicas
Meu Jesus, Redentor e Deus meu, já que para conhecer e honrar o Vosso Sagrado Coração, Vós me haveis preferido a tantos outros que o não conhecem e não honram, justíssimo é, que eu Vos prefira ao mundo inteiro. Vós Vos destes todo a mim; justo é que eu me dê todo a Vós, e sejais o único objeto do meu amor.
Sim, meu Jesus, eu Vos amo sobre todas as coisas, e só a Vós quero amar: Vós Vos destes a mim sem reserva, a Vós me dou sem reserva. Aceitai-me, eu Vos rogo, e não desdenheis o amor do meu coração, ainda que ele tenha outrora amado as criaturas e até as tenha preferido a Vós, soberano Bem. Aceitai-me e conservai-me: sem o Vosso socorro não posso fazer mais do que trair-Vos. Mas já que me escolhestes para Vos amar; fazei que eu Vos seja fiel e reconhecido.
Ó belas chamas que correis do Coração de Jesus, abrasai-me e destrui no meu coração todos os afetos que não são para Jesus; fazei que eu não viva mais senão para amar este amável Salvador, que quis dar a vida para ser amado por mim.
Ó Maria, Mãe de Deus, Vós sois não somente minha Rainha, mas ainda minha Mãe; já que Vos dignastes, por Vossa intercessão, unir-me ao Coração de Jesus, socorrei-me agora e não me abandoneis jamais, para que a minha vida e a minha morte sejam dignas de um discípulo deste divino Coração.
Oração Jaculatória
Dulcíssimo Coração de Jesus, tornai-Vos Senhor de todo o meu coração.
Exemplo
Citemos algumas palavras da Bem-aventurada [Santa] Margarida Maria: «No dia de São João Evangelista, depois de eu ter recebido do meu divino Salvador uma graça, mais ou menos semelhante á que recebeu este discípulo amado na tarde da [Última] Ceia, o Coração divino foi-me representado como num refulgente trono, formado de fogo e chamas, mais brilhante do que o sol, e transparente como cristal. A chaga que recebeu na Cruz aí aparecia visivelmente, e uma coroa de espinhos circundava esse sagrado Coração que tinha uma cruz em cima. Meu divino Mestre fez-me entender que: os instrumentos da Paixão significavam que o amor imenso, consagrado por Ele aos homens, foram a origem de todos os seus padecimentos; que desde o primeiro momento da Sua Encarnação, todos estes tormentos lhe tinham sido presentes, e a cruz, foi então, por assim dizer, plantada em seu Coração; que Ele aceitou, desde então, todas as dores e humilhações que a Sua santa humanidade devia sofrer durante o curso da Sua vida mortal, e ainda os ultrajes, aos quais se exporia no Santíssimo Sacramento, até ao fim dos séculos, pelo Seu amor aos homens.
Em seguida, Ele fez-me conhecer que o Seu grande desejo de ser perfeitamente amado pelos homens, Lhe tinha feito formar o desígnio de lhes manifestar o Seu Coração, e de lhes dar nos últimos séculos, este último esforço do Seu amor, propondo-lhes um objeto e meio, tão próprios para os obrigar a ama-l’O, e ama-l’O solidamente, abrindo-lhes todos os tesouros de amor, misericórdia, graça, santificação e salvação que Ele contém, a fim de que todos aqueles que quisessem render-Lhe e granjear toda a honra e amor que lhes fosse possível, fossem enriquecidos com a profusão dos divinos tesouros de que Ele é a fonte fecunda e inexaurível.
Mais: assegurou-me que tinha singular prazer em ser honrado por meio desse Coração de carne, cuja imagem queria que fosse exposta em Júbilo, a fim de mover o coração insensível dos homens, prometendo que derramaria, com abundância, em todos que o honrarem, todos os tesouros de graças que o enchem. Esta imagem atrairá todo o tipo de bênçãos sobre todos os lugares em que for exposta para ser honrada com culto especial.» (Vida da Bem-aventurada [Santa] Margarida Maria)
Ladainha do Sagrado Coração de Jesus
Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.
Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejado das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos que vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação por nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, transpassado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, vos tem tributado; e, deixando-vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.
Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.
Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.
Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!
Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vossa escrava.
Amém.
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
Referência:
“O Cagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.
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