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17.º Dia - Meditações para o Mês do Sagrado Coração de Jesus

  • Cláudia Pereira
  • 17 de jun.
  • 11 min de leitura

As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.

Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de JunhoMês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.

Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.



17.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus

O Coração de Jesus na Paixão


Jesus aceitando as cadeias

Vamos ao Getsémani: aí encontraremos o Coração de Jesus aceitando as cadeias.


Céus! Que vejo? Um Deus amarrado!... por quem? Pelos homens, pelos vermes da terra que Ele mesmo criou!

Anjos do paraíso, que dizeis a isto? E vós, meu Jesus, porque Vos deixais amarrar? Pergunta São Bernardo: “que tem a ver conVosco, os ferros dos escravos e criminosos, sendo Vós o Santo dos santos, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores?”

Ah! Se os homens Vos amarram com cordas, porque as não desfazeis? Porque não Vos livrais dos tormentos e da morte que Vos preparam?

Que Vos tenham envolvido e atado nas faixas da infância pela Vossa Mãe, quando ereis recém-nascido, é compreensível… que Vos tenhais como que, ligado e aprisionado, por Vosso amor no Sacramento do Altar, sob as santas espécies, também é compreensível… mas que sejais amarrado como um malfeitor pelos Judeus ingratos, para serdes arrastado a Jerusalém, de rua em rua, de tribunal em tribunal, para serdes, por fim, amarrado à coluna no pretório e ali padecer a mais horrível das flagelações, ó Jesus o mais terno dos filhos dos homens, não o sofrais.

Mas vós não me escutais: quereis ser encadeado. Ah! Eu compreendo, não são cordas, é só amor, é o Vosso amoroso Coração que Vos tem cativo, que Vos força a sofrer e a morrer por nós. Exclama São Lourenço Justiniano: “Ó amor divino, Vós só pudestes encadear assim um Deus e conduzi-lo à morte, por amor dos homens.”

Jesus submeteu-se voluntariamente à ignominia de ser amarrado como um malfeitor e insensato, a fim de nos merecer a graça de sacudirmos as cadeias que nos escravizam ao pecado, e que se chamam más ocasiões. Estas cadeias são fortes e difíceis de quebrar; só consegue desfazê-las quem as rompe de um só golpe. É Inútil dizer que até agora não fizemos nada de inconveniente, porque é preciso que se saiba, que o demónio não nos impele logo aos últimos excessos; ele vai levando pouco a pouco as almas imprudentes, até à beira do precipício, depois, o basta menor choque para fazê-las cair. É uma máxima comum entre os mestres da vida espiritual que, principalmente em matéria de impureza, não há outro remédio senão fugir da ocasião, é o único meio de nos livrarmos dos apegos terrenos.

Pode ser que alguém pense:

- Se me afasto desta ou daquela pessoa, se quebro estas relações familiares, ou de amizade, será um escândalo, darei muito o que falar…

Eu respondo:

- Mais escândalo haverá se não vos separais dessa ocasião; estai certo que, se não falam diante de vós, falam na vossa ausência.

Mas, dir-se-á ainda:

- Afastar-me de tal pessoa é uma incivilidade, uma ingratidão até, porque ela me presta auxílios.

- Sim, mas em quê? Em vos separar de Deus, em levardes uma vida desgraçada neste mundo, e em vos preparar uma vida ainda mais desgraçada no outro. É uma incivilidade e uma ingratidão? Nós devemos praticar a civilidade e a gratidão, antes de tudo para com Jesus Cristo, cujo afetuoso Coração nos cumulou de tantos benefícios.

Mas, replicar-se-á:

- Eu dei-lhe a minha palavra em não a deixar.

- E não destes antes a vossa palavra a Jesus Cristo? Não vedes que é a paixão que vos faz falar assim?

Ah! Parai de afligir o Coração do divino Esposo; porque Jesus sente-se ferido no Coração, vendo uma alma apegar-se loucamente àquilo que pode perdê-la.

Santa Lutgardis
Santa Lutgardis (1182-1246)

Foi o que ele fez ver um dia a Santa Lutgardis. Ela estava desgraçadamente encadeada por uma frívola amizade, e Jesus apareceu-lhe, mostrando-lhe o Seu Coração profundamente ferido. Com esta visão, ela caiu em si, rompeu com aquela ocasião de pecado, chorou pelas suas faltas, e por atos de virtudes atingiu a perfeição.

Alma cristã, Se estais presa nestas cadeias de morte, escutai o que vos diz o Divino Coração de Jesus:

«Sacode o pó e põe-te de pé, Jerusalém cativa! Desata as cadeias do teu pescoço, Sião prisioneira!» - Is 52, 2

Pobre alma, quebra estas cadeias que te podem arrastar ao suplício eterno, e vem a mim; deixa prender o teu coração ao meu pelas minhas cadeias, que são de ouro, de amor, de paz, cadeias de salvação.

«Então, os seus grilhões serão para ti robusta proteção, e as suas cadeias, um manto de glória.» - Sir 6, 31

Como é que as almas se apegam ao Coração de Jesus? Pelo amor, que é o laço da perfeição.

«Revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição, e reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo.» - Col 3, 14

Quando uma alma se liga a Deus pelo temor dos castigos, corre sempre grande perigo; mas quando se une a Deus pelo amor, está segura de não O perder mais, uma vez que ela não deixe de O amar.

Para fazer na prática

Se estou enredado nalguma criminosa ou perigosa relação, vou renunciá-la a partir de hoje. Há tantos que estão no inferno por terem dito: Amanhã!... Amanhã!...


Afetos e Súplicas

Ó Cordeiro cheio de mansidão, ainda posso temer que me firas? Vejo as Vossas mãos atadas; de algum modo, Vós Vos privais do poder de levantar o braço sobre a minha cabeça culpada. Deste modo dais-me a entender que não tendes a intenção de me castigar, contanto que eu queira sacudir o jugo das minhas paixões para me unir a Vós. Sim, meu Jesus, quero livrar-me delas; arrependo-me de toda a minha alma de me ter separado de Vós, e abusado da liberdade que me destes. Vós me ofereceis outra liberdade, mais perfeita, que me livrará das cadeias do demónio, e juntar-me-á ao número dos filhos de Deus. Vós Vos deixastes prender por meu amor: quero ser ligado por Vosso amor.

Ó felizes cadeias, belos laços de salvação, que prendeis as almas ao Coração de Jesus; apoderai-vos também do meu pobre coração; apertai-o tão fortemente que ele não possa mais separar-se deste Coração tão amoroso.

Meu Jesus, eu Vos amo, me uno a Vós, e Vos dou todo o meu coração, toda a minha vontade. Meu amadíssimo Senhor, Estou resolvido, a não Vos deixar mais.

Ah! Meu terno Salvador, Vós, para pagar as minhas dívidas, quisestes ser amarrado pelos algozes como um criminoso, assim arrastado pelas ruas de Jerusalém, para serdes em seguida conduzido à morte, como um cordeiro inocente que levam ao matadouro. Vós quisestes ser cravado na cruz e não a deixastes, senão depois de terdes deixado a vida.

Oh! Não permitais que eu caia novamente na desgraça de me separar de Vós, e de me ver privado da Vossa graça e do Vosso amor.

Ó Maria, prendei-me, ainda que pecador, prendei-me ao Coração do Vosso Filho Jesus, para que não me separe mais d’Ele, unido a ele, viva e morra, para ter a felicidade de entrar um dia na pátria da bem-aventurança, onde não terei mais que temer separar-me de Seu santo amor.


Oração Jaculatória

  • Ó meu Jesus, ligai-me, prendei-me estreitamente ao Vosso Coração.


Exemplo

O Coração de Jesus, manifestou de maneira brilhante a Sua bondade e misericórdia, para com uma grande pecadora que, depois da sua conversão, foi uma serva tão fiel do Salvador, que mereceu ser honrada na Igreja sob o nome de Santa Margarida de Cortona.

Deplorando seu o mau proceder passado, ela dizia a Deus: “Ah! Senhor, se o meu coração se igualasse em volume ao mundo inteiro, e se se desfizesse em lágrimas e suor de sangue pela violência da dor de Vos ter ofendido, nem assim eu poderia reparar a mais ligeira das minhas faltas.”

Um dia, disse-lhe Nosso Senhor:

«Não tenhas temor quanto ao perdão dos teus pecados. Eu destinei-te para servires de exemplo aos pecadores, para que compreendam claramente que, se querem preparar-se para receber a minha graça, encontrar-me-ão sempre pronto para lha conceder, como a concedi a ti.»
Santa Margarida de Cortona
Santa Margarida de Cortona (1247-1297)

Um dia em que ela meditava na Paixão, experimentou tão profunda tristeza pensando nas dores de Jesus e Maria… que se pôs a derramar lágrimas de sangue. Então, o Salvador apareceu-lhe todo coberto de chagas, e lhe disse que, enquanto ela estava junto da sua cruz, recebia tão copiosa chuva de graças, que só podia ser comparada com a torrente de sangue que jorrou do Seu corpo na cruz. Continuou dizendo que, meditar na Paixão é o escudo mais poderoso contra o pecado, e o caminho mais curto para a perfeição. Jesus Cristo terminou, convidando sua serva a nunca perder de vista as suas chagas divinas, e a demorar-se principalmente na do Seu Coração.

Para mais animar esta alma privilegiada a uma prática salutar, o Senhor lhe apareceu noutro dia, em forma de crucificado; e convidou-a a tocar nas Suas chagas. Margarida, tendo-se humilhado, e reconhecendo-se indigna de tal favor, o misericordioso Redentor alargou a chaga do Seu lado, de maneira que Margarida pudesse ver a chaga do Seu Coração, e disse-lhe que a trazia sempre gravada nele, e que ela podia acolher-se sempre nele, como no seu abismo imutável.



Ladainha do Sagrado Coração de Jesus

Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.

Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).


Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.


Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.


Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.


Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, trespassado pela lança, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós , tende piedade de nós.

Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor.


V. Jesus, manso e humilde de coração,

R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.


Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do Vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tem tributado; e, deixando-Vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de Vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.


Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque

Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.

Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.

Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.

Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!

Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vosso escravo.

Amém.


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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.


Referência:

“O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.

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