O Antigo Testamento: A criação da Terra - Parte II
- Cláudia Pereira
- 9 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: há 6 dias
A Beata Ana Catarina Emmerick (em alemão: Anna Katharina Emmerich), nasceu em 8 de setembro de 1774 em Coesfeld e faleceu em 09 de fevereiro de 1824 em Dülmen na Alemanha. Foi uma freira agostiniana, grande mística e estigmatizada, elevada aos altares pelo Papa São João Paulo II a 3 de outubro de 2004.
A Criação da Terra
Visões da Beata Ana Catarina Emmerick
Parte II - A Criação da Terra
Imediatamente, após a oração dos coros fiéis e desse movimento da Divindade, vi surgir abaixo de mim, não muito longe e à direita do mundo das sombras, um outro globo escuro. Fixei os meus olhos nele, com firmeza. Vi-o, como que em movimento, crescendo cada vez mais, por assim dizer, com pontos luminosos irrompendo sobre ele e a rodearem-no como faixas luminosas. Aqui e ali, os pontos estendiam-se em planícies mais brilhantes e mais largas, e naquele momento eu vi a forma da terra estabelecendo limites com água. Nos lugares luminosos, vi como que um movimento de vida, e na terra vi brotar vegetação e surgirem miríades de seres vivos. Como criança que era, imaginei que as plantas se moviam.
Até esse momento, havia apenas uma luz cinzenta como o nascer do sol, como a manhã a romper sobre a terra, como a natureza a despertar do sono. E depois, todas as outras partes da imagem desvaneceram-se. O céu tornou-se azul, o sol irrompeu, mas vi apenas uma parte da terra iluminada e a brilhar. Aquele lugar era encantador, glorioso, e eu pensei: Ali está o Paraíso!
Enquanto estas mudanças ocorriam no globo escuro, eu via, por assim dizer, um jorro de luz saindo daquela mais alta de todas as esferas, a esfera de Deus, aquela esfera na qual Deus habitava. Era como se o sol se erguesse mais alto nos céus, como se a manhã brilhante estivesse a despertar. Era a primeira manhã.

Nenhum ser criado tinha conhecimento dela, e parecia que todas aquelas coisas criadas tinham estado ali para sempre, na sua inocência imaculada. À medida que o sol se elevava, vi as plantas e as árvores crescerem cada vez mais. As águas tornavam-se mais límpidas e santas, as cores mais puras e brilhantes - tudo era indizivelmente encantador.
A criação não era então como é agora. As plantas, as flores e as árvores tinham outras formas. Agora são selvagens e disformes em comparação com o que eram, pois, todas as coisas estão agora completamente degeneradas. Quando olho para as plantas e os frutos dos nossos jardins, para os alperces, por exemplo, que nos climas do sul são, como já vi, tão diferentes dos nossos, tão grandes, magníficos e deliciosos, penso muitas vezes:
“Quão miseráveis são os nossos frutos, comparados com os do Sul, são estes últimos quando comparados com os frutos do Paraíso.”
Vi ali rosas, brancas e vermelhas, e pensei nelas como símbolos da Paixão de Cristo e da nossa Redenção. Vi também palmeiras e outras árvores, altas e extensas, que estendiam os seus ramos para longe, como se formassem telhados. Antes do aparecimento do Sol, as coisas terrenas eram insignificantes; mas, sob os seus raios, aumentaram gradualmente de tamanho, até atingirem o crescimento pleno.
As árvores não se encontravam próximas umas das outras. De todas as plantas, pelo menos das maiores, vi apenas uma de cada espécie, e elas estavam separadas, como pequenos rebentos colocados num canteiro de jardim. A vegetação era luxuriante, perfeitamente verde, de uma espécie pura, sã e isenta de decomposição. Nada parecia receber ou precisar da atenção de um jardineiro terreno. Pensei:
“Como é possível que tudo seja tão belo, se ainda não há seres humanos? Ah! O pecado ainda não entrou. Não houve destruição, não houve despedaçamento. Tudo é bom, tudo é santo. Ainda não houve cura, nem reparação. Tudo é puro, nada precisa de ser purificado.”
A planície que eu via, era suavemente ondulada e coberta de vegetação. No seu centro erguia-se uma fonte, da qual corriam riachos de todos os lados, que se cruzavam e misturavam as suas águas. Vi neles, primeiro como que um ligeiro movimento de vida, e depois vi seres vivos. Depois, vi aqui e ali, entre os arbustos e as moitas, animais que espreitavam, como se tivessem acabado de acordar do sono. Eram muito diferentes dos que viriam depois, nada tímidos. Comparados com os do nosso tempo, eram quase tão superiores a eles, como os homens são superiores aos animais. Eram puros e nobres, ágeis e alegres. Não há palavras para os descrever. Eu não conhecia muitos deles, pois vi muito poucos como os que temos atualmente. Vi o elefante, o veado, o camelo e até o unicórnio. Este último vi-o também na arca (de Noé). É notavelmente gentil e afetuoso, não é tão alto como um cavalo e a sua cabeça tem uma forma mais arredondada. Não vi jumentos, nem insetos, nem criaturas miseráveis e repugnantes. Estas últimas sempre as considerei como um castigo do pecado. Mas vi miríades de pássaros e ouvi as notas mais doces, como no início da manhã. Não vi nenhuma ave de rapina, nem ouvi o mugido de nenhum animal.
O Paraíso ainda existe, mas é totalmente impossível para o homem alcançá-lo. Eu vi que ele ainda existe em todo o seu esplendor. Está muito acima da Terra, numa direção oblíqua em relação a ela, como o globo negro dos anjos caídos do Céu.
Leia o próximo capítulo das Revelações à Beata Ana Catarina Emmerick
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
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