12.º Dia - Meditações para o Mês do Sagrado Coração de Jesus
- Cláudia Pereira
- 11 de jun.
- 11 min de leitura
As reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório sobre o Sagrado Coração de Jesus, foram escritas principalmente entre 1740 e 1770, e espalhadas por diversas obras suas, sempre com o foco no amor redentor e compassivo de Jesus Cristo. A recolha destes textos, surgiu depois, organizada pelo Padre Saint-Omer, redentorista, que os compilou num livro intitulado "O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório", em 1874. São estas, as meditações que lhe apresentamos; textualmente transcritas, adaptadas apenas ao acordo ortográfico de 2009, para melhor compreensão do conteúdo e da forma.
Nestes e nos próximos artigos, para além das meditações guiadas para cada um dos dias do mês de Junho – Mês do Sagrado Coração de Jesus – poderá encontrar também orações vocais, que deverá juntar à sua oração mental. Se não estiver familiarizado com o método de fazer oração mental, consulte o nosso guia prático para fazer oração mental.
Deixe-se guiar pelo Espírito Santo, e una o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus.

12.º dia do Mês do Sagrado Coração de Jesus
O coração de Jesus Menino
Vamos ao Egito: aí encontraremos o Coração de Jesus, glorificando o Seu Pai pelo trabalho.
Novo prodígio de amor: um Deus que trabalha! Sim, Jesus submeteu-se a uma vida penosa para nos mostrar o amor do Seu Coração. Vede o simples operário na casa de Nazaré, ao serviço de Maria e José, a reunir as aparas de madeira destinadas ao fogo, ou a varrer a casa, a carregar água, a abrir ou fechar a carpintaria.
São Basílio diz que, sendo Maria e José pobres e obrigados a viver de seu trabalho, Jesus, para exercer a obediência e lhes testemunhar o respeito como a seus superiores, procurava fazer, tudo quanto humanamente podia, e o que havia de penoso na casa. Um Deus que serve! Um Deus que trabalha! Ah! Um só destes pensamentos deveria bastar para nos abrasar e consumir de amor.
Na casa da Sagrada Família, não havia servos nem servas; o único servo que havia em casa, era o Filho de Deus, que tinha querido fazer-se Filho do homem, isto é, de Maria, para tornar-se um humilde servo e obedecer, como a um homem e a uma mulher.
Ah! Quem poderia considerar atentamente Jesus neste estado, trabalhando com dificuldade, sem reclamar: Mas que amável moço, não sois aquele Deus que, por um sinal, tirou o mundo do nada? Então, como é que agora precisais suar todo o dia para desbastar esta madeira, sem, contudo, o conseguirdes? Como Vos tornastes tão fraco? Ó santa fé! Ó amor de um Deus! Sim, repito, este pensamento, se o penetrássemos bastante, deveria, não só nos abrasar, mas ainda nos consumir de amor. Eis aqui então até onde chegou um Deus.
Adoremos todas estas obras servis de Jesus, sabendo que todas elas eram divinas e infinitamente agradáveis a Deus, pois eram oferecidas continuamente pelo Coração do Salvador, com o único propósito de agradar a Seu Pai e operar a nossa salvação.
Nós também trabalhamos, é verdade, mas muitas vezes sem merecimento, porque nos falta, e às nossas obras, a pureza de intenção. Oh! Quão agradável é ao Sagrado Coração, a intenção de agradar a Deus no trabalho! Para nos convencermos disto, escutemos as doces palavras que o Esposo divino dirige a cada um de nós:
«Grava-me como selo em teu coração, como selo no teu braço, porque forte como a morte é o amor, implacável como o abismo é a paixão; os seus ardores são chamas de fogo, são labaredas divinas.» - Ct 8, 6
Ou seja, fazei com que Eu seja o único fim de todos os vossos desejos e de todas as vossas obras. Ele chega até a dizer que, quando uma alma procede assim, para lhe agradar; torna-se sua irmã e esposa, e faz-lhe no Coração uma ferida de amor, de modo que Ele não pode deixar de a amar:
«Roubaste-me o coração, minha irmã e minha noiva, roubaste-me o coração com um dos teus olhares.» - Ct, 4a
Qual é este olhar que fere o Coração de Jesus, o Esposo divino? É a intenção da alma, que em todas as suas ações, só põe mira em cumprir a vontade do Senhor. Esta alma obedece aos superiores, apenas para obedecer a Deus; faz todas as suas ações, apenas para glorificar a Deus, segundo a recomendação do Apóstolo:
«Irmãos: Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.» - 1 Cor 10, 31
A Beata Maria da Encarnação dizia: “Não há preço que se pague pela menor coisa que se faça por Deus. Isto é verdade, porque todas as ações feitas para agradar a Deus são atos de amor divino, aos quais o Senhor reserva a recompensa eterna. Então, a pureza de intenção é uma alquimia celeste que transforma o ferro em ouro; porque as ações mais comuns, como comer, dormir, trabalhar, recrear, quando são feitas por Deus, transformam-se todas no ouro do santo amor.”
Também Santa Maria Madalena de Pazzi tinha como certo que, uma pessoa que fizesse todas as suas obras com pura intenção, iria direto para o paraíso, sem passar pelo purgatório.
Para fazer na prática
Terei o cuidado de, em cada manhã, ao acordar, de oferecer a Deus todas as minhas ações do dia, com todas as que o Coração de Jesus Lhe ofereceu durante a Sua vida. Esforçar-me-ei, além disso, para renovar esta intenção no começo das principais ações, dizendo por exemplo: Tudo para vós, ó meu Deus!
Afetos e Súplicas
Adorável Jesus, eu vejo-Vos a trabalhar e suar numa pobre oficina, como se fosseis o mais humilde dos operários. É para mim que Vos abateis e fatigais desta maneira, porque empregastes toda a Vossa vida pelo meu amor. Ó meu terno Jesus, fazei com que eu também empregue pelo Vosso amor, tudo o que me resta de vida. Não considereis os meus anos passados, de desordens, anos de pecados, motivo de dor e de lágrimas para mim como para Vós. Deixai-me, de agora em diante, trabalhar e sofrer em união conVosco na oficina de Nazaré, e depois, morrer conVosco no Calvário, abraçando a morte que me destinais.
Ó amadíssimo Jesus, meu amor, não permitais que eu Vos abandone mais, como fiz no passado. Meu Deus, Vós vivestes oculto, desconhecido, desprezado, suportando a maior pobreza numa humilde oficina! E eu, desprezível verme da terra, busquei as honras e os prazeres, e por estas vaidades, separei-me de Vós, o Bem Supremo!
Ah, que não seja mais assim, meu Jesus; eu Vos amo, e, porque Vos amo, não quero viver longe de Vós. Renuncio a tudo para me unir a Vós, ó meu Salvador, oculto e humilhado por amor a mim! A Vossa graça dá-me muito mais contentamento, do que todas as vaidades e gozos terrenos pelos quais tive a desgraça de Vos deixar.
Ó Virgem Santíssima, quanto sois feliz por terdes sido a companheira de Jesus na Sua vida pobre e oculta, e terdes sabido tornar-Vos semelhante a este divino modelo! Oh, minha Mãe, fazei que eu também empregue o resto dos meus dias a tornar-me semelhante a Vós e ao meu Redentor.
Oração Jaculatória
Ó Santíssimo Coração, gravai no meu coração as penas que padecestes por mim neste mundo.
Exemplo
A venerável Madre Clemencia, da Ordem da Visitação, foi uma dessas almas verdadeiramente extraordinárias, que tiveram as mais íntimas comunicações com o divino Coração de Jesus.
Uma noite, Jesus Cristo revelou-Se a ela, como que sentado no meio do seu coração, e lhe disse:
«O teu coração é para mim e eu sou para ele.»
Outra vez, o Salvador gravou o Seu nome - Jesus - sobre o coração da sua serva, dizendo-lhe:
«Eu aplico o meu Coração sobre o teu.»
Ela sentiu, no mesmo instante, o seu coração unir-se ao Coração do Esposo divino de maneira admirável. Clemencia dirigia-se muitas vezes ao Coração de Jesus, como o único que era capaz de dar a Deus, homenagens dignas Dele, e rogava a este divino Coração, que se dignasse a saldar as dívidas que ela tinha contraído para com a majestade divina.
Numa aparição, o Salvador disse-lhe, mostrando-lhe o Seu Sagrado Coração:
«Eis aqui o alvo para o qual deves lançar tuas flechas. Estas flechas são os atos de amor; consagra-me teu amor, e ferirás o meu.»
Certa manhã, em que ela se aproximava da comunhão, rogou, com muita instância a Nosso Senhor, que Ele lhe desse a humildade. Imediatamente o Salvador Se dignou unir o coração da sua esposa ao Seu, e servindo-se do Seu Coração adorável como de um sinete, imprimiu a humildade sobre o coração da sua esposa. Depois, pediu-lhe a doçura, e o divino Mestre disse-lhe:
«Uma pessoa não pode ter a doçura, sem ter o meu Coração, que é a Sua verdadeira fonte.»
Outra vez, Jesus Cristo mostrou-lhe o Seu Coração como uma fonte de água viva, e convidou-a a ir matar sua sede. Tais foram as relações íntimas da Madre Clemencia com o Coração de Jesus.
Esta piedosa filha da Visitação, era muito estimada por santa Joana de Chantal e pelas pessoas mais santas do seu tempo, como os padres Suffren e Condren.
Outra alma santa, um dia viu Jesus com um círculo de ouro na mão, no centro do qual, estava um coração. Viu também arqueiros que atiravam setas para esse coração. Uns atiravam de tal maneira, que as suas setas só chegavam a do meio caminho, caindo em terra; outros, atingiam o círculo, e faziam sair faíscas dele; mas os terceiros, trespassavam o coração de lado a lado, e ficavam regados do sangue que corria dele.
A alma perguntou o que significava esta visão. Foi-lhe respondido que o círculo de ouro representava a misericórdia de Deus, que continha em si - como o maior feito por ela produzido, - o Coração de Jesus, com os seus merecimentos infinitos; e os archeiros, representavam três tipos de cristãos:
Os primeiros, cujas setas não atingiam o alvo, são os que fazem as suas ações sem intenção e por mero costume;
Os segundos, são os que trabalham por bons motivos, mas no seu próprio interesse: por isso, é que eles só tocam o círculo de ouro da misericórdia de Deus, e não recebem senão as faíscas da graça;
Os terceiros, são os que só procuram em tudo agradar a Deus, e por isso, alvejam diretamente o Coração de Jesus e o trespassam: também os frutos da Paixão de Jesus Cristo correm sobre eles com abundância. (Saint-Jure)
Ladainha do Sagrado Coração de Jesus
Em 1899, o Papa Leão XIII aprovou esta Ladainha do Sagrado Coração de Jesus para uso público. A sua estrutura constitui, na verdade, uma síntese de várias outras litanias que remontam ao século XVII. A versão final, aprovada pela Sagrada Congregação para os Ritos, perfaz um total de 33 invocações ao Coração divino de Nosso Senhor, uma para cada ano de sua santíssima vida.
Quem recita devotamente esta oração lucra indulgências parciais (cf. Enchr. Indulg., conc. 22).
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, trespassado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós , tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que morrem em vós, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, olhai para o Coração do Vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tem tributado; e, deixando-Vos aplacar, perdoai aos que imploram a vossa misericórdia, em nome de Vosso mesmo Filho, Jesus Cristo, que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Consagração ao Sagrado Coração de Jesus por Santa Margarida Maria Alacoque
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu (dizer o seu nome)… dou-Vos e Vos consagro, a minha pessoa, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, pois não quero servir-me de parte alguma do meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo(a) Vosso(a) e fazer tudo por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração, a tudo quanto Vos possa desagradar.
Ó Sagrado Coração de Jesus, sois o único objeto do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e o meu asilo seguro na hora da morte.
Ó Coração de bondade, sede a minha justiça diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim a Sua justa cólera.
Ó Coração de amor! Ponho toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!
Destruí em mim, tudo que possa desagradar-Vos ou se oponha à Vossa vontade. Que o Vosso puro amor, seja tão profundamente impresso no meu coração, que eu jamais possa esquecer-Vos ou separar-me de Vós. Pela a Vossa bondade, suplico-Vos que o meu nome seja escrito no Vosso coração, pois quero que toda a minha felicidade e toda a minha glória, consistam em viver e morrer como Vosso escravo.
Amém.
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Que Deus vos proteja e abençoe por toda a eternidade.
Referência:
“O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Affonso de Ligório ou Meditações para o Mez do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-feira do Mez” - Collegidas das obras do Santo Doutor pelo Padre Saint-Omer, Redemptorista. - Traducção portugueza feita da 83.º edição pelo Exmo. Revdmo. Sr. D. Joaquim Silvério de Souza, arcebispo de Diamantina. - São Paulo – 5.º edição - com aprovação eclesiástica e dos superiores da ordem. RATISBONA - Typographia de Frederico Püstet - Impressor da Santa Sé - 1926.
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